

PAUTAS PARA 2014 NO ESPAÇO REDIMUNHO
sábado, 30 de outubro de 2010
terça-feira, 26 de outubro de 2010
UNO!
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Lembro de Minas...
Nos varais: estendidas roupas
Nas paredes uma cor gasta como se a muito estivesse ali
e próximo ao chão, marcas de terra de tempos que já foram
Portas feitas à mão, telhas feitas de coxas, colunas de madeira
Estradas abertas em meio às matas... que se extendem pelos lados que se olha
Rios, riachos, água em abundância, passando pela primera e última vez por aquele lugar
Vida. Em tudo.
Gente enrugada com duros pés
Tantas histórias, de um tudo de coisas
Gente que veio e que foi, que nem fotos puderam eternizar,
mas que duram nos lampejos de memória que ainda restam, daqueles que ainda estão pra contar.
Nas paredes uma cor gasta como se a muito estivesse ali
e próximo ao chão, marcas de terra de tempos que já foram
Portas feitas à mão, telhas feitas de coxas, colunas de madeira
Estradas abertas em meio às matas... que se extendem pelos lados que se olha
Rios, riachos, água em abundância, passando pela primera e última vez por aquele lugar
Vida. Em tudo.
Gente enrugada com duros pés
Tantas histórias, de um tudo de coisas
Gente que veio e que foi, que nem fotos puderam eternizar,
mas que duram nos lampejos de memória que ainda restam, daqueles que ainda estão pra contar.
É o sertão, o bom e velho, calmo e forte, que ainda existe.
Vitor Rodrigues
"Vai, vai, vai, amanhã muito cedinho
O cavalo da viagem chama roxo ou canarinho
Você diz que sabe sabe, mas não sabe fazer conta
vinte e cinco guardanapos tem cruzeiro em cada ponta"
- Cantiga popular
domingo, 10 de outubro de 2010
O rio...
No fluxo do rio não há tempo nem lugar, apenas continuidade. O rio está em todos os lugares ao mesmo tempo, portanto, o tempo linear - passado, presente e futuro - não pode fazer parte dele. O que existe é o momento presente aos olhos do observador, que é um ser situado no espaço e no tempo, criado por ele mesmo como ponto de referência. Desta maneira, o que ele pode conter é apenas aquele pequeno recorte do rio, não sendo possível antever o seu destino. Mas a dúvida persiste: qual a direção do rio? Qual o destino das águas? A resposta é simples: não podemos saber, pois as águas só possuem a certeza da mudança a cada obstáculo, a cada bifurcação encontrada em seu trajeto. A única certeza é que o rio somente existe porque há um observador para contemplá-lo, caso contrário, ele desapareceria.
Pedro Paulo Monteiro
Pedro Paulo Monteiro
sábado, 9 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Oh Primavera adorada
"... inspiradora de amores, oh primavera idolatrada, sublime estação das flores..."
(Nelson Sargento)
(Nelson Sargento)
sábado, 25 de setembro de 2010
APRESENTAÇÕES PÚBLICAS DE MARULHO, O CAMINHO DO RIO...
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
Oficina Literomusical com o Grupo Redimunho
O Grupo Redimunho de Investigação Teatral propõe uma oficina livre estruturada a partir de sua base de pesquisa: o universo de João Guimarães Rosa. A oficina abordará ainda a obra de Gabriel García Márquez, a cultura ribeirinha, sua musicalidade e o sincretismo religioso, fontes de estudo e inspiração para o atual processo do Grupo.
Dentro de um universo tão amplo, analisaremos trechos das obras desses autores, e abordaremos suas geografias, costumes e crenças que dialogam com o universo retratado e o processo de criação teatral. A partir das cinco viagens de pesquisa para a região onde Guimarães Rosa passou quando acompanhou a comitiva de 1952, o Grupo encontrou inspiração e adquiriu propriedade para desenvolver o discurso poético de seus artistas e espetáculos.
A oficina pretende conduzir seus participantes em um processo de criação semelhante ao que se dá no Grupo, partindo de todas essas referências e buscando trabalhar com as linguagens da arte: dança, música, artes plásticas e teatro. A oficina literomusical é inteiramente gratuita e faz parte da contrapartida social do projeto “Marulho o caminho do rio...” contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.
Pré-requisito: interessados em geral, a partir de 16 anos.
Duração: oito encontros de 4 horas entre os meses de agosto e setembro. Os interessados podem escolher seu dia de preferência: sábado das 14h às 18h; ou domingo das 15h às 19h. O início será dia 14 (sábado) ou 15 (domingo) de agosto.
Local: Casarão da Escola Paulista de Restauro. Rua Major Diogo, 91, Bela Vista, São Paulo/SP. Tel: 3101-9645 (próximo a estação Anhangabaú do metrô).
Os interessados deverão se inscrever encaminhando um e-mail para redimunho@gmail.com, com nome, idade, telefone para contato e o dia de preferência para a oficina.
Dentro de um universo tão amplo, analisaremos trechos das obras desses autores, e abordaremos suas geografias, costumes e crenças que dialogam com o universo retratado e o processo de criação teatral. A partir das cinco viagens de pesquisa para a região onde Guimarães Rosa passou quando acompanhou a comitiva de 1952, o Grupo encontrou inspiração e adquiriu propriedade para desenvolver o discurso poético de seus artistas e espetáculos.
A oficina pretende conduzir seus participantes em um processo de criação semelhante ao que se dá no Grupo, partindo de todas essas referências e buscando trabalhar com as linguagens da arte: dança, música, artes plásticas e teatro. A oficina literomusical é inteiramente gratuita e faz parte da contrapartida social do projeto “Marulho o caminho do rio...” contemplado pelo Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo.
Pré-requisito: interessados em geral, a partir de 16 anos.
Duração: oito encontros de 4 horas entre os meses de agosto e setembro. Os interessados podem escolher seu dia de preferência: sábado das 14h às 18h; ou domingo das 15h às 19h. O início será dia 14 (sábado) ou 15 (domingo) de agosto.
Local: Casarão da Escola Paulista de Restauro. Rua Major Diogo, 91, Bela Vista, São Paulo/SP. Tel: 3101-9645 (próximo a estação Anhangabaú do metrô).
Os interessados deverão se inscrever encaminhando um e-mail para redimunho@gmail.com, com nome, idade, telefone para contato e o dia de preferência para a oficina.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Sobre eles
Fim-fim
O fim-fim é uma ave passeriforme da família Fringillidae. Também conhecido como vim-vim (MA), fi-fi-verdadeiro, vi-vi e puvi(interior de São Paulo). No Nordeste recebe a denominação de vem-vem, gaturamo-fifi ou guriatã. E aparece na música Cantiga de Vem-Vem, composta por Luiz Gonzaga:
vivo sempre escutando a cantiga de vem vem
quando ouço ele cantando penso ser você que vem
vivo de olho no caminho porque não chega ninguém
ai ai ai por fim não chega ninguem
quando perco a esperança parece uma tentação
me sento lá no terreiro
escoro o rosto com a mão
sem plano pobre coitado
fazendo risco no chão
ai ai ai fazendo risco no chão
tá vendo meu bem
tá vendo como e doce querer bem
faz inté levar em conta a cantiga de vem vem
ai ai ai a cantiga de vem vem
Características
Mede 9,5cm de comprimento e pesa cerca de 8g (macho).
É uma das espécies mais conhecidas do gênero Euphonia. Além do colorido do macho, outra característica marcante nessa ave é o canto assobiado, usado para contato entre o grupo e origem dos nomes comuns.
Sua voz pode ser facilmente reconhecida: “di-di”, “vi-vi” ou “fi-fi” (chamada de ambos os sexos). O canto é fraco, chilreado rápido podendo lembrar o de um pintassilgo. Também imitam outras aves. Macho e fêmea chamam-se nas andanças pela mata. À distância, pode ser confundido com um dos chamados do risadinha, quando faz fi-fi.
O fim-fim é uma ave passeriforme da família Fringillidae. Também conhecido como vim-vim (MA), fi-fi-verdadeiro, vi-vi e puvi(interior de São Paulo). No Nordeste recebe a denominação de vem-vem, gaturamo-fifi ou guriatã. E aparece na música Cantiga de Vem-Vem, composta por Luiz Gonzaga:
vivo sempre escutando a cantiga de vem vem
quando ouço ele cantando penso ser você que vem
vivo de olho no caminho porque não chega ninguém
ai ai ai por fim não chega ninguem
quando perco a esperança parece uma tentação
me sento lá no terreiro
escoro o rosto com a mão
sem plano pobre coitado
fazendo risco no chão
ai ai ai fazendo risco no chão
tá vendo meu bem
tá vendo como e doce querer bem
faz inté levar em conta a cantiga de vem vem
ai ai ai a cantiga de vem vem
Características
Mede 9,5cm de comprimento e pesa cerca de 8g (macho).
É uma das espécies mais conhecidas do gênero Euphonia. Além do colorido do macho, outra característica marcante nessa ave é o canto assobiado, usado para contato entre o grupo e origem dos nomes comuns.
Sua voz pode ser facilmente reconhecida: “di-di”, “vi-vi” ou “fi-fi” (chamada de ambos os sexos). O canto é fraco, chilreado rápido podendo lembrar o de um pintassilgo. Também imitam outras aves. Macho e fêmea chamam-se nas andanças pela mata. À distância, pode ser confundido com um dos chamados do risadinha, quando faz fi-fi.
fim fim fim fins

O fim-fim (Euphonia chlorotica) é uma espécie de ave da família Thraupidae.
Pode ser encontrada nos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
Os seus habitats naturais são: florestas subtropicais ou tropicais húmidas de baixa altitude e florestas secundárias altamente degradadas.
domingo, 11 de julho de 2010
Os Grandes Imarcescíveis
Há seres entrelaçados
que têm a tristeza de estrelas
o ferimento interno dos espinhos
e paranóias que lhes servem de diversão
beliscam petiscos fora de hora
mas nunca esquecem o banquete que só encontram em casa
Os entrelaçados seres têm nós
que ninguém encontrará
eles se amarram nas gargantas
e não há nada que faça desatá-los
Os intrusos provocam
mas não passam da ante sala
os intrusos podem ver apenas a fachada
e pensam que atingiram o sótão
mas nunca foram além do porão
Os seres entreleçados têm um caminhão
de espelhos retroflexos
pra iludir os pérfidos
Seres entrelaçados são imarcescíveis
não murcham
e se perdoam sempre
porque seus bagos de uvas e vinhos
são perenes e sem idade
Seres entrelaçados são os protímenos
da divindade
Os entrelaçados não sofrem o tempo
porque bebem infinitas horas
e tiros de garrucha, espingarda ou escopeta
para os entrelaçados
são cócegas
Imarcescíveis
os protímenos são os meninos dos olhos
de quem fez o mundo
que têm a tristeza de estrelas
o ferimento interno dos espinhos
e paranóias que lhes servem de diversão
beliscam petiscos fora de hora
mas nunca esquecem o banquete que só encontram em casa
Os entrelaçados seres têm nós
que ninguém encontrará
eles se amarram nas gargantas
e não há nada que faça desatá-los
Os intrusos provocam
mas não passam da ante sala
os intrusos podem ver apenas a fachada
e pensam que atingiram o sótão
mas nunca foram além do porão
Os seres entreleçados têm um caminhão
de espelhos retroflexos
pra iludir os pérfidos
Seres entrelaçados são imarcescíveis
não murcham
e se perdoam sempre
porque seus bagos de uvas e vinhos
são perenes e sem idade
Seres entrelaçados são os protímenos
da divindade
Os entrelaçados não sofrem o tempo
porque bebem infinitas horas
e tiros de garrucha, espingarda ou escopeta
para os entrelaçados
são cócegas
Imarcescíveis
os protímenos são os meninos dos olhos
de quem fez o mundo
sábado, 3 de julho de 2010
domingo, 27 de junho de 2010
novembro de 2009
Ouço os corações dos lugares,
em mim há ruas e pulsações de asfaltos;
hoje é a terra que me fala.
Caminho na vibração das tuas veias saltadas.
As pedras sobre as quais piso
são parte de mim: pura extensão.
E exprimem e espremem
todo aquele cheiro de sal
e gosto de alecrim.
Há mapas riscados no teto branco
e uma geografia de 4 almas
confundem dedos e lápis,
paixões coloridas.
Quarenta dedos riscando um papel mudo,
na confusão de expressões sem jeito,
envergonhando o instante.
Quarenta dedos que partilham uma busca inexplicável
pelo sentido das cores,
dos amores,
das dores;
seres incessantes.
Oito mãos secas, calejadas
Capazes de estapear sem dó as maçãs
e incapazes de se desencostar.
Tetntáculos de medo fabricando um esconderijo de equívocos,
gargantas que esforçam seus gritos,
mãos que forjam caixinhas,
mãos que adiam seus assassinatos.
Não sei da paixão que de mim sentiam.
Estou seca de ardor, vazia de contemplação,
oca de explosão.
oito mãos.
em mim há ruas e pulsações de asfaltos;
hoje é a terra que me fala.
Caminho na vibração das tuas veias saltadas.
As pedras sobre as quais piso
são parte de mim: pura extensão.
E exprimem e espremem
todo aquele cheiro de sal
e gosto de alecrim.
Há mapas riscados no teto branco
e uma geografia de 4 almas
confundem dedos e lápis,
paixões coloridas.
Quarenta dedos riscando um papel mudo,
na confusão de expressões sem jeito,
envergonhando o instante.
Quarenta dedos que partilham uma busca inexplicável
pelo sentido das cores,
dos amores,
das dores;
seres incessantes.
Oito mãos secas, calejadas
Capazes de estapear sem dó as maçãs
e incapazes de se desencostar.
Tetntáculos de medo fabricando um esconderijo de equívocos,
gargantas que esforçam seus gritos,
mãos que forjam caixinhas,
mãos que adiam seus assassinatos.
Não sei da paixão que de mim sentiam.
Estou seca de ardor, vazia de contemplação,
oca de explosão.
oito mãos.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
segunda-feira, 7 de junho de 2010
O QUE VOCÊ NÃO PODE FALAR EM PÚBLICO
QUANDO É LEPTOLOGIA
Há espinhos compridos e aguçados
em coisas que não são plantas
há os cabelos que você deseja arrancar
e carinhos que nunca te deixaram fazer
e as sobras de tudo o que morreu na intenção
pedem funerais de estamparias
teatro de aparições
escavado numa região da cabeça
Há espinhos compridos e aguçados
em coisas que não são plantas
há os cabelos que você deseja arrancar
e carinhos que nunca te deixaram fazer
e as sobras de tudo o que morreu na intenção
pedem funerais de estamparias
teatro de aparições
escavado numa região da cabeça
que não conhece a restauração
IMF
sexta-feira, 4 de junho de 2010
salivando algo
"Poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina.
No osso da fala dos loucos há lírios."
Manoel de Barros
No osso da fala dos loucos há lírios."
Manoel de Barros
quarta-feira, 12 de maio de 2010
EUGENIO BARBA EM SÃO PAULO
Transcrição do encontro com Eugênio Barba e Julia Varle
São Paulo, 06 de maio de 2010.
Teatro Sérgio Cardoso
por Giovanna Galdi
Eugenio Barba
Há meses me assaltam tantas perguntas que não sou capaz de pensar...
Por que tantas pessoas esta noite? São pessoas, imagino, que vieram aqui porque conhecem meu nome, leram meus livros, e esperam escutar de novo... (RISOS)
Todas as informações que eu queria dar, eu tentei dar através de meus escritos, dos meus livros...
E nesse breve encontro esperam...
Pessoas fazendo fila, que vieram de longe, viajaram, esperaram... É como se..., me pergunto... Sinto que em alguns deles há a curiosidade de ver a girafa, escutar a voz da girafa... É como se um instinto lhes sugerisse que escutasse a voz, a maneira de ser dita, a maneira de relacionar-se, algo que para eles é o teatro, o espectador...
A pessoa que oferece, uma hora, duas horas, três horas de sua vida, para que o ator possa acordar nele, nela, algo do qual ele tem nostalgia...
A nostalgia de quê?
Outra pergunta: por quê cada um de vocês chegou ao teatro? Por que não escolheram outra profissão?
Sim... É um medo que tenho um pouco da família... Eles sabem porque um jovem quer fazer teatro, porque depois eles podem ir para a televisão, eles podem ser vistos na televisão... É só uma das possibilidades...
É como se no teatro exista a possibilidade de um refúgio, a possibilidade de viver, de realizar outra realidade, outro tipo de estrutura social... Baseada por uma coerência emocional que nos impede de viver, uma coerência que o mundo lá fora nos impõe, desde à escola... É como o teatro pudesse ter a "tessitura", absoluta, e ao mesmo tempo a possibilidade de sonhar, de cantar, de dançar, e de sonhos que quando nos contamos são de uma banalidade extrema... Por isso que não se pode contar... É como cada um dialoga consigo mesmo, em um idioma incompreensível, e o teatro nos ajuda a traduzir esse idioma incompreensível, traduzir para nós e para o espectador, para que ele também possa dialogar em seu idioma incompreensível consigo mesmo...
Se conhece a história do Odin. Talvez, eu digo... isto aqui é um arquétipo da condição de cada geração... Arquétipo no teatro é o que acontece com cada um de vocês que chegam à profissão, de ter de inventá-la de novo... Não existe nada de concreto que se possa obter, conhecer... Não é como o ballet, que há toda uma tradição, você ganha aprimoramento, e o ballet já sabe desde o primeiro momento a música, a sala, qual é a primeira postura, a segunda posição, a terceira... É como se o ballet tivesse todas as fórmulas de teatros...
Os que existiam antes do grande Big Ban, da grande mutação da arte do ator, do ofício do ator, no começo, antes de Stanislavski, o ator tinha uma maneira muito estilizada de atuar, exatamente como a forma clássica asiática, a pantomima... Essa formalização do comportamento cênico estava composto como uma linguagem, como um idioma, estava composto de clichês, palavras... As palavras são clichês... A maneira como se relacionam, a maneira como se diz esses clichês fazem com que explodam, que perdam toda a sua significação, valor, sentido, coerência...
(AQUI NÃO FOI POSSÍVEL ENTENDER O QUE FOI DITO, POIS OS "TUSSIDOS"ERAM DEMASIADOS ALTOS)
O comportamento cênico dos atores, bailarinos, tinha toda uma tradição que eles podiam absorver desde os primeiros dias em que entravam na escola. Hoje, no teatro contemporâneo, o jovem entra na escola e tem de inventar o teatro...
O Odin foi seguramente, se não o primeiro, um dos primeiros grupos a viver essa experiência... Eu sou imigrante, na Noruega, sou italiano de origem, estudei na Polônia por quatro anos, voltei à Noruega, não encontrei trabalho no teatro tradicional...Reuní jovens rechaçados da escola teatral e com eles começo a fazer teatro, teatro amador, mas desde o começo se criou um núcleo de superstições, superstições..., maneiras de pensar, valores, que um indivíduo tem que ter, próprio, porque é a maneira de agir no mundo, de dizer "isso posso acertar" "isso não posso acertar"... Quais eram essas superstições?
Primeiro: o teatro não necessita da gente, mas a gente precisa do teatro... Isso foi fundamental. Se trabalhamos com a esperança de ter espectadores, porque claro, para mim o teatro é feito de espectadores, não é uma prática que se reduz à um processo... Esse processo pode ter muitos valores, para no final dele chegar no momento da verdade: o momento da verdade é o encontro com o espectador. E eu entendo o teatro da minha maneira de pensar... É o que acontece na interioridade do espectador e sobretudo o que "lida" consigo, pois que o espetáculo é o que fica como uma espécie de íons no metabolismo emocional, mental, religioso, cético, desse espectador...
Assim que, é muito importante para compreender porque depois de 46 anos ainda tenho a maioria dos atores que fundaram o Odin Teatret. Éramos em cinco, três ainda hoje trabalham. A maioria dos atores do Odin são como mamutes... 44 anos, 40 anos... A Júlia é jovem... só 34 anos...
O segundo fator foi que éramos autodidatas... Assim que, eu gostaria de me tornar um ator e decidi que aqueles mesmos se transformassem eles mesmos em seus companheiros... Cada um conhecia algo mais que seu companheiro... Um havia estudado ballet clássico... Tinha uma moça de família burguesa... Às vezes, em uma família burguesa, as meninas aprendem a dançar ballet clássico, estudar, cantar... Então ela imediatamente se prontificou à ensinar ballet clássico... Havia alguém que era bom em ginástica, mestre em acrobacia... Assim cada um...
Isso é muito importante para compreender os valores ou a cultura, as relações... E a maneira de pensar do Odin é todo o processo de aprendizagem e ao mesmo tempo é o processo de como ensinar alguém...
Percebam, um fator muito importante: O Silêncio.
Nós não tínhamos um local, um teatro, não tínhamos nada...
Nós tirávamos os sapatos... Por que? Eu me pergunto por que desde o primeiro dia eu exigi que todos, como superstição de trabalho, tirassem os sapatos... É o seguinte: toda a aprendizagem do ator, que eu queria ou imaginava, era como uma liberação dos reflexos condicionados que a sociedade, a família, nos impõe... Somos como bois, marcados por nossa cultura! E isso é uma prisão! Nós fomos presos pelos prejuízos da nossa cultura, da arrogância de nossa cultura... Só não sei como liberar-nos... Claro, nós podemos liberar-nos, mas como conseguir isso?
De uma certa maneira, falar de nós mesmos, deles, e ser capaz de responder ao outro, às outras culturas, às outras diversidades, de tudo da nossa cultura... Como chegar, como basear-se? Como toca a nossa cultura, nossa família, a maneira de tocar-se, de mover-se, de gesticular...
O Silêncio.
Eu compreendi que quando se chega na "sala" há algo de essencial, de dar vida à algo, que não te pertence mais, que tem como ter uma autonomia... Um elemento arte de qualidade sua... Isso é o seu trabalho... O trabalho de ator não te pertence, é como se a arte fosse como um bebê, como filhos e filhas, que querem andar com suas próprias pernas, não querem ficar atados ao pai ou à mãe... Essa é a nossa questão, de como ser só um ventre, que ajuda que a vida possa surgir, possa dizer algo, dialogar...
O modelo é um cirurgião. Na sala de operação, o cirurgião trabalha com outros, em silêncio... É uma maneira de ser preciso, que não é precisão matemática, uma repetição idêntica... Um cirurgião que faz transplante de coração não vai fazer da mesma maneira, tem sempre 1mm, 2mm de diferença... A tensão da mão que tem a faca, que erre, que pare no momento em que um humano está entre a vida e a morte... É o mesmo para o ator! O ator que não se dá conta que trabalhando ele tem em sua mão o quê está fazendo, o quê está fabricando...é um IDIOTA! E não vale à pena trabalhar com idiotas.
O Silêncio.
Os sapatos são uma de nossas defesas. Eles impedem de descobrir o que nos faz dançar... Isso eu não sabia quando comecei, isso eu descobri depois de muitos anos com a assim chamada Antropologia Teatral, quando eu comecei a observar os diferentes estilos, as diferentes tradições dos atores e bailarinos. Que a primeira explícita manifestação de vida no ator, coexiste com sua arquitetura de tensões... E isso se dá nos pés... O equilíbrio...
Todo o organismo está vivendo o processo de uma idéia, de uma imagem, de um zunido, de uma cor, de algo oculto, pessoal, que hoje está afastado... e que necessita de disciplina, de um sinal que tenha eficácia para os sentidos e para a memória...
A maneira de bailar é a maneira de transbordar energia...
A disciplina, se é imposta, há de rebelar-se... Eu estudei num colégio militar e depois de três anos fui embora... A disciplina que eu falo tem significado etimológico: "Disc" (não entendi e não encontrei o termo em latim ou grego à que ele se referiu) significa aprender. Disciplina é a maneira como o mundo aprende... Eu digo a disciplina que cada um de nós escreve para chegar ao que é o ofício, que é o ofício da excelência. Quando agora falo de excelência, falo como de atletas que querem bater o record...
Tudo isso também tem haver com a forma... Pode-se talvez chamar-se de sacrifício, ascetismo, mas motivado por sua própria necessidade, por esse instinto que eu falava antes, que fez com que cada um de vocês viessem aqui só por curiosidade ou por interesse...
Dirigidos pela intuição vocês podem reconhecer a tempestade que acontece dentro de cada um...
Do que estou falando? Tempestade?
Aqui tenho que contar duas histórias...
Faz alguns anos, estava eu em um momento afortunado, com alguns dias livres no México, sozinho... Estava em uma praia deserta do pacífico... Um silêncio que não era silêncio, porque a natureza cantava, as ondas do mar, havia mometos em que sussurrava algo... Deveras uma condição que já não conhecia mais, sobretudo quando vivemos em um grande cidade... O silêncio. Não se conhece mais. Os meninos não sabem o que é uma vaca... O que produz leite é uma vaca... (RISOS)
Comecei a escutar vozes, risos, gritos, alegria... Pela volta se via um grande tumulto, um monte de pessoas que corriam pela areia, começavam a dançar... Eram camponeses que vinham do Estado de Puebla, mais ou menos 800km do interior do país... Haviam feito toda a volta para chegar ao mar e caminhar sobre a areia. Tinha uma parte do grupo que estava atrasada, eram cinco ou seis jovens e no meio deles havia um espástico, um paralítico, que estava sentado em uma cadeira de rodas... E eles não podiam empurrar essa cadeira de rodas na areia e por isso a levantavam... A imagem que tenho é de pequenos camponeses jovens de uma beleza... Daquele espástico atado à cadeira... E ao mesmo tempo eu pensava nessa solidariedade de levar seu amigo espástico, enfermo, completamente sem disciplina de movimento, andando, andando, até que começaram a entrar dentro da água, todos vestidos... Eu pensei: "Vão afogá-lo, é um ritual...". Assim, eu os ví entrar na água... Depois, os jovens começaram a voltar para a praia, e o espástico ficou lá... Ele fazia movimentos assim... (DEMONSTRA MOVIMENTOS) Eu pensava: "Está se afogando!" Não! Ele tinha a cabeça sempre à flor da água... Parecia se afogar, mas era a sua maneira de nadar!
A outra história, é um episódio que aconteceu faz três meses... Eu estava em Taiwan, China, e um dia meu amigo disse: "Eugênio, vamos à praia tomar um pouco de sol". Ele tem um menino de cinco anos. Fomos à praia juntos, eu, Júlia e eles, tomar um pouco de sol. E de novo uma praia quase deserta, digo quase deserta porque havia uma pessoa, um adulto com um menino. Ali, o filho do meu amigo tirou os vestidos e começou a jogar, a brincar com a areia e depois se acertou com o outro menino que estava sentado... Sentaram-se juntos e começaram a falar... Eu pensava: "Ah...extraordinária essa inocência de poder imediatamente relacionar-se...". Depois ví que eles começaram a fazer assim... (DEMONSTRA MOVIMENTOS). Meu amigo começou a falar com o adulto, com o pai. Eu estava bastante longe com a Júlia, tomando sol. Depois de alguns minutos, o pai junto ao filho, começaram a ir. O pai dava a mão ao filho e o filho caminhava bailando... Voltando para a cidade, meu amigo me contou que o pai havia contado que seu filho tinha uma doença e não podia curar-se e que dentro de dois, três anos iria paralizá-lo completamente. Ele não podia já caminhar normalmente. O que eu pensava que era dança era já a vulnerabilidade, a fragilidade, a incapacidade da perna dele ter o peso...
Para aqueles que querem compreender a tempestade de cada um de nós, que nos faz escolher o teatro... Se vocês querem que eu tente explicar o que é tempestade, essas duas histórias já contam.
A primeira história... Eu sou decerto um imigrante, uma pessoa que perdeu o idioma, uma pessoa que teve a necessidade de ser artista. Escolhi o teatro, porque como imigrante queria socializar minhas diferenças. É mais fácil aceitar um artista italiano que não opera o italiano na Dinamarca. Assim que, isso foi para mim a motivação fundamental de fazer teatro.
No teatro que faço, eu sou exatamente como esse espástico. O teatro que faço é a maneira que eu tenho de manter a minha cabeça fora da água, para que eu não me afogue. É por isso que é impossível imitar-me ou imitar o Odin. Quase todos os atores do Odin são pessoas espásticas, como uma drogadinha completamente à beira do suicídio, outros que pensavam em salvar o mundo, outros que queriam a revolução, quando a revolução falhou, outro com um punhado de cinzas nas mãos estendidas...
Assim que o teatro está aí, a maneira de viver nessa sociedade respirando à fora do que é a massa. E ao mesmo tempo, a segunda história, é como se o centro grande de atitudes para cada dia, é que eu ainda consiga viver junto aos meus atores, com um pouco de fogo, que eu possa acreditar naquilo de quando eu era jovem, nos ideais, que a vida, a história me ensinaram... Eu sei que um dia eu também vou experimentar essa condição do menino chinês, eu vou perder tudo isso, porque assim é... Que cada dia eu possa bailar o momento antes que tudo paralise, pela falta de interesse, pela falta de indignação... Apesar que eu não exprimo uma linguagem política. Construí com meus atores um grupo que tem necessidades, que tem uma cultura... A cultura tem a capacidade de formar um grupo humano, mesmo que pequeno... Pensem: os povos do Brasil, os indígenas, alguns desses povos são quantos? Uma dezena. Mas são uma cultura, possuem uma linguagem, suas próprias crenças, lendas, histórias, a maneira de relacionar-se com a natureza e com os demais, com os outros... Eles são uma cultura. A capacidade de criar relações de trabalho, valores... A capacidade de construir um saber e saber transmitir esse saber à proxima geração.
É isso que eu estava dizendo. O teatro não é uma cultura! Porque o teatro sabe, os indivíduos sabem o que querem os grupos... O que acontece hoje na nossa sociedade, a maneira como o teatro é praticado, é algo que se reduz ao espetáculo, perdendo todas as outras possibilidades de ser microsociedades, microcomunidades, que tenham um modelo de convivência profissional... Não estou falando de "falastreiros", ou de comunidades marxistas, ou hippies... Estou falando de uma comunidade que administra o trabalho e tenta realizar, mesmo sem saber objetivos, técnicas, sem saber fazer, mas que sabe realizar a tempestade de cada um. O grupo é o ambiente onde todo mundo pode fazer viver, liberar sua tempestade, disseminá-la e transformá-la em sinais que possuem um sentido, não uma significação, mas um sentido para o espetáculo.
Estou falando na verdade de dois aspectos do ofício. Um posso chamar de fantasmas, de tempestade, ou de impulsos mudos, que não sabem falar, que não têm palavras, mas que me empurram a fazer algo, como empurram a cada um de vocês a tomar uma decisão em lugar de outra... Esses fantasmas que nos habitam...
Há uns dois meses que comecei a chamar de linguagem dos anjos... O que é a linguagem dos anjos?
Eu acredito e estou seguro que cada uma das pessoas daqui, ao menos uma vez, já tiveram a experiência de ver um espetáculo ou um fragmento de espetáculo, em que o ator, ou alguns atores falasse algo de fundamental à ele. É como se nesse momento o teatro revelasse algo que não sabia, que não se sabia saber, não sabendo onde estava uma parte dele...
Ao invés de técnicas, ao invés de objetividade, ao invés de pragmatismo, o ator tem três idiomas à sua disposição. Um idioma é a palavra dita. A palavra se dirige à uma parte do ser... O corpo começa a funcionar, há referências do passado, acontecimentos políticos...
Outra linguagem é a sonoridade, afinal toda a demonstração da Júlia é uma demonstração desse tipo de linguagem, em que a informação passa através da sonoridade, da musicalidade. A maneira de dizer algo é uma informação mais importante do que aquilo que é dito... Se eu digo: (DEMONSTRANDO - FALA DE MANEIRA MALICIOSA) "Sobe, sobe, minha querida, sobe aqui..." A minha voz diz uma coisa e as palavras dizem outra... É como se tivesse em contradição.
O terceiro idioma ou linguagem, é o dinamismo que anima nossa presença, esses pequenos ou grandes impulsos que em um tempo formam uma sequência de impulsos, que dirigem, que criam um diálogo entre mim e eu mesmo, ou entre mim e o espaço...
Assim que se começa a trabalhar, o ator sabe que tem essas três linguagens, esses três idiomas, que tem que se descobrir toda a riqueza da vida cotidina...
(DEPOIS DE JÁ TER PEDIDO POR TRÊS VEZES QUE NÃO SE TIRE FOTOS, EUGENIO BARBA DIZ: "POR FAVOR! NÃO TOMEM FOTOGRAFIA. POVO ARCAICO. É ISSO")
Nós não somos conscientes de como o rítmo dos movimentos, da gesticulação, acompanham o rítmo, a sonoridade da voz e a respiração do ator. A voz canta, a dança da gesticulação tem que ser esta... O corpo está dançando e oferece, cria os impulsos que se transformam na ação sonora.
Para mostrar que eu carrego esse tipo de tensão, de arquitetura, ou é também uma ação que eu danço, eu ponho uma fileira ou algo que primeiramente eram ação de imagens, que se reverberam em toda a tonicidade que faz ver essa ação... Isso é o que se pode aprender, isso é o que se pode chamar de a ciência empírica, pragmática de nosso ofício. Basta estudar, basta observar por exemplo, como os teatros arcaicos , o Teatro Nô, a Ópera de Pequim, o Teatro Balinês... Primeiro se aprende toda a base física dos movimentos, das ações e depois se aprende a voz. Esse trabalho entre voz e corporalidade está separado no começo e, depois dos acentos dos rítmos, se repercutem como acentos de teatro. De como concordar isso é fundamental para dar esse efeito de organicidade. O trabalho é extremamente oposto ao que fazemos na vida. Nós aprendemos a falar quando meninos e então, "subimos" de significação, de movimentos... Os teatros asiáticos nos ensinam que primeiro se constrói todo um tipo de comportamento, que é equivalente... A forma é diferente, mas tem o mesmo valor do comportamento do teatro.
Assim que o sistema nervoso do espectador, que apesar de conhecer essa forma... Uma pessoa que vê pela primeira vez o ballet clássico é isso, muito estranho... Apesar de não reconhecer, se tem o sistema sensorial nervoso que reconhece a maneira orgânica justa em vida, o que caracteriza sua própria experiência do movimento, porque tem algo de fundamental. Em nosso ofício, lamentavelmente está se tendendo mais e mais a significar, perdendo-se a identidade do teatro. O teatro é uma relação entre pessoas em vida. Essa relação está determinada pela percepção do outro, está determinada por um sentido "celeste"...
A sinestesia é o sentido que permite a cada um de nós, a cada ser humano, de ter consciência de seu próprio corpo.
Agora se eu pedir à vocês que observem, que se concentrem na mão esquerda e no dedo pequeno, vocês denotam essa consciência, a consciência da mão esquerda e do dedo pequeno, não? Normalmente não somos conscientes disso. Só somos conscientes quando temos doença, quando temos dor, quando temos algum problema com o nosso corpo, quando descobrimos toda essa grande complexidade de ações, que os sentidos sinestésicos dirigem para nós rapidamente, sem esforço... Esses sentidos sinestésicos também determinam a percepção do outro...
Tudo isso é importantíssimo. Vocês se comunicam, os atores se comunicam com os espectadores. Não são as palavras do texto, não é somente uma linguagem... Também o espectador é essa sequência, essa dança de movimentos que são ações...
Essa maneira de pensar o ofício começou num ciclo, começou com _________ (AQUI ALGUM AUTOR, CUJO NOME NÃO CONSEGUI ENTENDER...TALVEZ LEMAN???), com o que ele praticou e escreveu sobre o efeito que as palavras não dizem toda a verdade... Que a maneira de mover-se que os russos chamam de "A PLÁSTICA", revela a verdadeira relação entre duas pessoas... Através da relação, da maneira que falam os impulsos, vocês vão ver que tipo de relação é essa... Observem, por exemplo, a relação de um oficial e um soldado, a maneira física... Tudo isso é uma grande riqueza, possibilidades de transmitir sinais, informações...
Você começa a compor exatamente como um poeta, juntando e chegando à densidade que faz com que a linguagem do ator seja parecida com a do próprio poeta. Ele fala a linguagem da alma, também o ator tem esse tipo de linguagem, que escuta o som... É como se o espectador escutasse ressonâncias...
Fantasmas são o que me empurram, o que empurra a cada um de vocês em escolher fazer, em obstinar-se no teatro. O "legal"do teatro é a maneira como podemos tornar eficazes a nossa relação com o nosso corpo e com os outros...
Por que quero falar de fantasmas?
Por que eu encontrei um que atravessou a rua e me criou grandes problemas, até que eu consegui matá-lo.
Faz alguns anos, um querido amigo meu, me propôs fazer um espetáculo com o Teatro Mundi. Como explicou Julia, o Teatro Mundi é um conjunto, um grupo do Odin de mestres de vários países...
Esse meu amigo já havia visto alguns espetáculos que eu havia feito com o Teatro Mundi e me disse: "Eugenio, eu quero que tu faça um espetáculo sobre Hamlet..." Ele dirigia ou era assessor do Castelo de Hamlet na Dinamarca e queria um espetáculo... Ele queria propor uma produção original com o Tetro Mundi... Então, quando me propõem coisas desse tipo, eu sempre tenho a mesma pergunta: "Quanto dinheiro tem?" Ele me respondeu: "Não se preocupe com dinheiro, você faz o espetáculo que eu encontro todo o dinheiro que você precisar". Eu nunca acredito nisso, porque nunca aconteceu algo assim...
Assim que me perguntei muitas vezes, estava muito em dúvida... Bom...
Então, pela primeira vez em minha vida, comecei a acercar-me de tudo o que era Hamlet. Já havia trabalhado muito com Hamlet, naquilo que todo mundo conhece... Mas tinha que trabalhar com um Hamlet que nunca tinha visto, que nunca tinha pensado... Quando comecei a ler, a ler, eu encontrei um problema imenso que não conseguia resolver... Nessa peça existe um fantasma.
Agora... eu não acredito em fantasma, me parecia uma bobagem... E é uma tragédia de sangue, de luta, de astúcia, de servilismo, de amor sublime... Eu tinha que acreditar em tudo isso... Porque o fantasma chega e diz ao filho: "Filho meu, meu irmão me matou". O fantasma não diz à Hamlet: "Vinga-me", o fantasma não pede vingança, ele diz "livre-me apenas do inferno, porque eu fui morto sem poder arrepender-me". É um modo muito católico de pensar, que arrependendo-se dos pecados a alma se salva...
Shakespeare escreve Hamlet quando a religião católia está proibida desde muito poucos anos... Seu pai era católico e deixou à seu filho, o William, o famoso, dinheiro para que ele possa pagar missas católicas para salvar a sua alma... Por isso estudei o que a Igreja Anglicana não permitia...
Assim que, os espectadores de Shakespeare empreendiam com o sol... Assim era o Teatro Globe, o sol, a neblina, a chuva, o frio... Eles trabalhavam de pé, quatro, cinco horas, as peças de Shakespeare são longas, e faziam com a mesma eloquência metódica de um ser humano religioso, que é outra forma de atuar, a Igreja, o cheiro do incenso, o padre vestido com roupas especiais, o canto... Era um entretenimento que a vida daquele tempo oferecia ao povo. Então, quando os espectadores viram o fantasma aparecer, primeiro que eles acreditavam em fantasmas nesse tempo... É algo como se vocês vissem hoje, sobre esse palco, um pedófilo cometendo um ato de pedofilia... Imagino que seja a única coisa que provavelmente intimidaria a platéia. Isso era o fantasma. Ao mesmo tempo, todos os adultos tinham uma sensibilidade católica, eles acreditavam na confissão, que não podiam mentir para poder salvar-se...
Vocês entendem o que significava para o espectador do Globe, ouvir esse texto, ver essa peça?
Agora eu tinha esse texto... O texto mostrou-se como uma possibilidade para um diretor de mostrar sua originalidade criativa, de surpreender os espectadores pela maneira de escapar de materializar o fantasma... AH... O fantasma tem o mesmo rosto do tio... O fantasma é uma fumaça... O fantasma é uma armadura que anda... O fantasma é uma voz que fala através de alto falante... Isso era um problema. Como dar à esse espectador esse momento de terror que viviam os espectadores de Shakespeare quando o fantasma aparecia. Por isso tem que se ver como algo difícil.
O sistema nervoso do espectador, toda a sua animalidade reage, e não só os olhos. Foi então que eu comecei a imaginar isso: "O que é um fantasma? Como materializar um fantasma? Um fantasma é uma presença que está em todos os lugares... Quando nós vemos um fantasma o que nos assusta é que ele está aqui, ao mesmo tempo está ali, depois ali e pode ser três fantasmas ao mesmo tempo... É outra realidade... Não é como um ser humano que veste um pano branco..."
Bom, isso da multiplicidade começou a ser o primeiro passo para resolver esse problema, que para mim era fundamental... Um problema dramatúgico. Como transpor uma história que tinha um sentido imenso em seu tempo para nossa contemporaneidade, sem fazer com que isso seja só uma experiência estética?
Assim que, um dos mestres, ator japonês do Teatro Nô...
Vocês conhecem o Teatro Nô... tem as máscaras, os figurinos...
Assim que eu imaginei que no pátio do castelo, com todas as centenas de janelas, podiam aparecer essas máscaras por todos os lados... É como se todo o espaço fosse cercado por essa presença do fantasma.
Esse era o primeiro passo. O segundo: Como fazer que a presença gerasse uma reação dos espectadores? Minha consciência do sentido sinestésico me ajuda a pensar nele no ar... O fantasma anda no ar... Eu pensei em trabalhar com um artista, um ator, que andasse na corda bamba, um equilibrista... De alguma forma que se pudesse esconder com a luz a corda... O espectador está sentado e vê essa pessoa que caminha em cima deles... Isso já começa a ser mais desorientante para o espectador... Esse fantasma que está sobre minha cabeça...
Dessa maneira, eu me dirigi ao equilibrista. Aí estava começando a resolver o problema do fantasma, pensava... Só que na Dinamarca, o equilibrista está proibido de fazer esse tipo de arte sem uma rede embaixo... E eu não podia ter a rede! Ao mesmo tempo, o Castelo de Hamlet é um monumento histórico da humanidade, assim que você não pode fazer quase nada nesse lugar, você não pode quase tocar um muro com a mão...
Daí encontramos a solução: vamos construir por sobre todo os Castelo uma estrutura que vá de fora do Castelo por cima de tudo... O meu amigo havia dito para não se preocupar com dinheiro... Bom, então eu lhe apresentei o trabalho: "Fantástico, extraordinário... Mas eu não tenho tudo isso de dinheiro..." Eu fui convidado a trabalhar com ele e aquilo era uma cifra que era a décima parte do que eu precisava... Então eu disse: "Vou matar o fantasma. Vou matar o fantasma porque ele está atrapalhando".
A história de Shakespeare não é nada original. Diz que a história de Hamlet de Shakespeare foi tomada de um monge, a respeito de uma crônica dos heróis lendários da Dinamarca... Entre esses heróis lendários existe um vikingue (ou viking), que vive na região periférica da Irlanda. É um "chefão", um viking é um pirata, um guerreiro que atacava, torturava... Esse chefão que usurpava bens, era "empatado" com seu irmão. Nesse tempo, antes do cristianismo, o viking toma sua amada, casa-se com sua mulher e ao mesmo tempo tem que matar todos os herdeiros reis, reais, de seu adversário... Então, quando o tio manda matar os sobrinhos, os filhos do irmão, o que ele faz? Ele finge ser louco e um guerreiro não mata um louco, seria como se o guerreiro matasse um menino... Aqui está a grande astúcia da história! Hamlet demonstra uma inteligência e tudo o que depois Shakespeare utiliza está na sua vida...
Assim que, eu decidi fazer um espetáculo passando por esse obstáculo, isso de eliminar o problema do fantasma. Eu ao mesmo tempo ganhei a possibilidade de recriar algo que eu possa reconhecer e fazendo com que os espectadores também reconheçam.
(OBS: Aqui a palestra é interrompida, pois pessoas que não tinham conseguido entrar devido à "falta de lugares", "invadiram" o teatro para assistir a demonstração e a palestra... E assim, o Teatro Sérgio Cardoso PRECISAVA FECHAR... Eugenio Barba, um pouco desconcertado, despediu-se, revelando que não podia negar que o fato ocorrido (a invasão) lhe agradava bastante...
Ao sair, contrariando a expectativa que criou-se em mim, quando da narração do fato, não ví e nem percebí nenhuma desordem, porta quebrada ou arrombada, vidros pelo chão...
Lamentavelmente a conversa foi interrompida sem mais e nem menos... E mais uma vez, essa maldita burocracia nos tolhe... Talvez esse "pessoalzinho do gabinet" ache que devamos aguardar outros quase trinta anos para uma possível nova visita de artistas como os que estavam presentes naquela noite...
Sentindo-me também, mais do que nunca, uma espástica, termino a transcrição desse momento precioso. Façam bom proveito)
sexta-feira, 7 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
"Vocês, que vão emergir das ondas
Em que nós perecemos,
pensem,
quando falarem das nossas fraquezas,
nos tempos sem sol
de que vocês tiveram a sorte de escapar.
Nós existíamos através das lutas de classe,
mudando mais seguido de país do que de sapatos, desesperados,
quando só havia injustiça e não havia revolta.
Nós sabemos:
o ódio contra a baixeza
também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
faz a voz ficar rouca. Infelizmente, nós,
que queríamos preparar o terreno para a amizade,
não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem,
pensem em nós
com um pouco de compreensão."
Em que nós perecemos,
pensem,
quando falarem das nossas fraquezas,
nos tempos sem sol
de que vocês tiveram a sorte de escapar.
Nós existíamos através das lutas de classe,
mudando mais seguido de país do que de sapatos, desesperados,
quando só havia injustiça e não havia revolta.
Nós sabemos:
o ódio contra a baixeza
também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
faz a voz ficar rouca. Infelizmente, nós,
que queríamos preparar o terreno para a amizade,
não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem,
pensem em nós
com um pouco de compreensão."
sábado, 1 de maio de 2010
Um só Homem..não vai parar a boiada!
Vai ser preciso muito mais que isso pra segurar esse bando...nem padre, nem prefeito, nem poliça me faz desmanchar essa capelinha!
Por tudo quanto é santo, nós vamos terminar o que começamos!
Xetruá!
deus em ti jagunçada!
Por tudo quanto é santo, nós vamos terminar o que começamos!
Xetruá!
deus em ti jagunçada!
sábado, 24 de abril de 2010
embriagado de clareza...
“Agora estou só.
Oh, como sou miserável, que escravo abjeto!
Não é monstruoso que esse ator aí,
Por uma fábula, uma paixão fingida,
Possa forçar a alma a sentir o que ele quer,
De tal forma que seu rosto empalidece,
Tem lágrimas nos olhos, angústia no semblante,
A voz trêmula, e toda sua aparência
Se ajusta ao que ele pretende? E tudo isso por nada!
Por Hécuba!
O que é Hécuba pra ele, ou ele pra Hécuba,
Pra que chore assim por ela? Que faria ele
Se tivesse os motivos e impulsos de dor que eu tenho?
Inundaria o palco de lágrimas.
E estouraria os tímpanos do público com imprecações horrendas,
Enlouquecendo os culpados, aterrorizando os inocentes,
Confundindo os ignorantes; perturbando, na verdade,
Até a função natural de olhos e ouvidos.
Mas eu,
Idiota inerte, alma de lodo,
Vivo na lua, insensível à minha própria causa,
E não sei fazer nada, mesmo por um rei
Cuja propriedade e vida tão preciosa
Foram arrancadas numa conspiração maldita.
Sou então um covarde? Quem me chama canalha?
Me arrebenta a cabeça, me puxa pelo nariz,
E me enfia a mentira pelo goela até o fundo dos pulmões?
Hein, quem me faz isso?
Pelas chagas de Cristo, eu o mereço!
Pois devo ter fígado de pomba, sem o fel
Que torna o insulto amargo,
Ou já teria alimentado todos os abutres destes céus
Com as vísceras desse cão.
Ah, sanguinário e obsceno canalha!
Perverso, depravado, traiçoeiro, cínico, canalha!
Ó, vingança!
Mas que asno eu sou! Bela proeza a minha.
Eu, filho querido de um pai assassinado,
Intimado à vingança pelo céu e o inferno,
Fico aqui, como uma marafona,
Desafogando minha alma com palavras,
Me satisfazendo com insultos; é; como uma meretriz;
Ou uma lavadeira!
Maldição! Oh! Trabalha, meu cérebro! Ouvi dizer
Que certos criminosos, assistindo a uma peça,
Foram tão tocados pelas sugestões das cenas,
Que imediatamente confessaram seus crimes;
Pois embora o assassinato seja mudo,
Fala por algum órgão misterioso. Farei com que esses atores
Interpretem algo semelhante à morte de meu pai
Diante de meu tio,
E observarei a expressão dele quando lhe tocarem
No fundo da ferida.
Basta um frêmito seu – e sei o que fazer depois.
Mas o espírito que eu vi pode ser o demônio.
O demônio sabe bem assumir formas sedutoras
E, aproveitando minha fraqueza e melancolia,
– Tem extremo poder sobre almas assim –
Talvez me tente para me perder.
Preciso provas mais firmes do que uma visão.
O negócio é a peça – que eu usarei
Pra explodir a consciência do rei.”
Hamlet – Ato II – Cena II
Oh, como sou miserável, que escravo abjeto!
Não é monstruoso que esse ator aí,
Por uma fábula, uma paixão fingida,
Possa forçar a alma a sentir o que ele quer,
De tal forma que seu rosto empalidece,
Tem lágrimas nos olhos, angústia no semblante,
A voz trêmula, e toda sua aparência
Se ajusta ao que ele pretende? E tudo isso por nada!
Por Hécuba!
O que é Hécuba pra ele, ou ele pra Hécuba,
Pra que chore assim por ela? Que faria ele
Se tivesse os motivos e impulsos de dor que eu tenho?
Inundaria o palco de lágrimas.
E estouraria os tímpanos do público com imprecações horrendas,
Enlouquecendo os culpados, aterrorizando os inocentes,
Confundindo os ignorantes; perturbando, na verdade,
Até a função natural de olhos e ouvidos.
Mas eu,
Idiota inerte, alma de lodo,
Vivo na lua, insensível à minha própria causa,
E não sei fazer nada, mesmo por um rei
Cuja propriedade e vida tão preciosa
Foram arrancadas numa conspiração maldita.
Sou então um covarde? Quem me chama canalha?
Me arrebenta a cabeça, me puxa pelo nariz,
E me enfia a mentira pelo goela até o fundo dos pulmões?
Hein, quem me faz isso?
Pelas chagas de Cristo, eu o mereço!
Pois devo ter fígado de pomba, sem o fel
Que torna o insulto amargo,
Ou já teria alimentado todos os abutres destes céus
Com as vísceras desse cão.
Ah, sanguinário e obsceno canalha!
Perverso, depravado, traiçoeiro, cínico, canalha!
Ó, vingança!
Mas que asno eu sou! Bela proeza a minha.
Eu, filho querido de um pai assassinado,
Intimado à vingança pelo céu e o inferno,
Fico aqui, como uma marafona,
Desafogando minha alma com palavras,
Me satisfazendo com insultos; é; como uma meretriz;
Ou uma lavadeira!
Maldição! Oh! Trabalha, meu cérebro! Ouvi dizer
Que certos criminosos, assistindo a uma peça,
Foram tão tocados pelas sugestões das cenas,
Que imediatamente confessaram seus crimes;
Pois embora o assassinato seja mudo,
Fala por algum órgão misterioso. Farei com que esses atores
Interpretem algo semelhante à morte de meu pai
Diante de meu tio,
E observarei a expressão dele quando lhe tocarem
No fundo da ferida.
Basta um frêmito seu – e sei o que fazer depois.
Mas o espírito que eu vi pode ser o demônio.
O demônio sabe bem assumir formas sedutoras
E, aproveitando minha fraqueza e melancolia,
– Tem extremo poder sobre almas assim –
Talvez me tente para me perder.
Preciso provas mais firmes do que uma visão.
O negócio é a peça – que eu usarei
Pra explodir a consciência do rei.”
Hamlet – Ato II – Cena II
sexta-feira, 16 de abril de 2010
GRUPO ESTRÉIA MARIA-MEMÓRIA
MARIA MEMÓRIA - CHÁ TEATRAL
texto: Edmilson Cordeiro
direção: Rudifran Pompeu
música: Luis Aranha
Com: Izabela Pimentel, Giovanna Galdi, Carlos Mendes e Patrícia Ferreira

Maria Memória, resultado de um experimento cênico do Grupo Redimunho, estréia dia 16 de abril no Casarão da Escola Paulista de Restauro e aborda o conflito de quatro irmãos que se deparam com o fato de ter de deixar a casa onde nasceram e sempre viveram.
No último dia de permanência na casa, os irmãos convidam o público a compartilhar de suas lembranças e estórias.
O projeto tem o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, Programa de Ação Cultural 2009, estreará na cidade de São Paulo e em seguida realizará apresentações pelo interior do estado.
Estréia: 16/04/10 às 21:00hs, no Casarão da Escola Paulista de Restauro, localizado à rua Major Diogo, 91 - Bela Vista.
INFORMAÇÕES: (11) 31019645.
texto: Edmilson Cordeiro
direção: Rudifran Pompeu
música: Luis Aranha
Com: Izabela Pimentel, Giovanna Galdi, Carlos Mendes e Patrícia Ferreira

Maria Memória, resultado de um experimento cênico do Grupo Redimunho, estréia dia 16 de abril no Casarão da Escola Paulista de Restauro e aborda o conflito de quatro irmãos que se deparam com o fato de ter de deixar a casa onde nasceram e sempre viveram.
No último dia de permanência na casa, os irmãos convidam o público a compartilhar de suas lembranças e estórias.
O projeto tem o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, Programa de Ação Cultural 2009, estreará na cidade de São Paulo e em seguida realizará apresentações pelo interior do estado.
Estréia: 16/04/10 às 21:00hs, no Casarão da Escola Paulista de Restauro, localizado à rua Major Diogo, 91 - Bela Vista.
INFORMAÇÕES: (11) 31019645.
domingo, 11 de abril de 2010
Alguém precisa te dizer a verdade
Um horóscopo é feito de microscópicas horas
a grande hora é calculada
por insetos geômetras
em procissão
Voam sobre as cartas estelares
e vagando sobre mapas celestiais
(os teus dedos as redor dos olhos deles)
demarcam como dardos
a verdade da tua aflição
Você quer saber?
Um amor como esse afronta
e faz chuva de coisas inesperadas
Vai daí que você pensa
que é ameça
o banquete que te sirvo
de saliva, sangue pisado e luz negra
num dia que amanhece cinza
de tantas cores misturadas
os ecos das risadas
rebocando os desvãos
de nós
Você precisa saber
que mapa astral
é areia para as ampulhetas
dados nem sempre da sorte
pra você brincar de certezas
Quem tampa o olho de um inseto
e lembra de uma música
é o que senão o guardião
do brejo das almas?
Alguém precisa te dizer a verdade:
um mapa astral...
a grande hora é calculada
por insetos geômetras
em procissão
Voam sobre as cartas estelares
e vagando sobre mapas celestiais
(os teus dedos as redor dos olhos deles)
demarcam como dardos
a verdade da tua aflição
Você quer saber?
Um amor como esse afronta
e faz chuva de coisas inesperadas
Vai daí que você pensa
que é ameça
o banquete que te sirvo
de saliva, sangue pisado e luz negra
num dia que amanhece cinza
de tantas cores misturadas
os ecos das risadas
rebocando os desvãos
de nós
Você precisa saber
que mapa astral
é areia para as ampulhetas
dados nem sempre da sorte
pra você brincar de certezas
Quem tampa o olho de um inseto
e lembra de uma música
é o que senão o guardião
do brejo das almas?
Alguém precisa te dizer a verdade:
um mapa astral...
Música: Chiquita / Letra: Juditinha
domingo, 4 de abril de 2010
pelo teatro...
Não existe nada que me deixe desesperado ou recalcado com as escolhas que o teatro um dia me fez reconhecer…tudo que fiz foi por querer…um querer infanto juvenil em dada época e depois um querer exato e certeiro na maior idade…
É um fato que tudo que sou agora, se deve ao que escolhi para minha vida nesses últimos trinta anos…
e o que acontecia trinta anos atrás?
…era o inicio dos anos 80…
E só deus sabe o que foi aquela década para quem como eu, ainda estava pensando na copa de 78…aquela do “kiroga” em que a Argentina do goleiro Fillol meteu 6 no peru e nos derrubou…
Então... depois disso, de alguma maneira fui mergulhar pelo teatro e aos poucos fui construindo uma personagem de mim mesmo... interessado em entender o universo cênico…
Mas vejam só vocês...depois de tanto tempo descubro que não entendi bulhufas…é pra se pensar né?
O texto que escrevo agora vem com esse meu pensamento desgovernado…imbuído de uma crise “onírica” e talvez ainda essencialmente teatral…quase farsista…mas que acreditei tanto, que me parece verdade…
Tudo isso só para dizer que não tenho nenhuma diferença com minhas escolhas e com esse universo teatral e que por ele sou um eterno apaixonado…só acho que não vai dar tempo nessa vida de entender e descobrir os segredos dessa manifestação maravilhosa que só o teatro é capaz de proporcionar…
seguimos…até onde der…até onde a vida couber...
Rudiflan boyan
É um fato que tudo que sou agora, se deve ao que escolhi para minha vida nesses últimos trinta anos…
e o que acontecia trinta anos atrás?
…era o inicio dos anos 80…
E só deus sabe o que foi aquela década para quem como eu, ainda estava pensando na copa de 78…aquela do “kiroga” em que a Argentina do goleiro Fillol meteu 6 no peru e nos derrubou…
Então... depois disso, de alguma maneira fui mergulhar pelo teatro e aos poucos fui construindo uma personagem de mim mesmo... interessado em entender o universo cênico…
Mas vejam só vocês...depois de tanto tempo descubro que não entendi bulhufas…é pra se pensar né?
O texto que escrevo agora vem com esse meu pensamento desgovernado…imbuído de uma crise “onírica” e talvez ainda essencialmente teatral…quase farsista…mas que acreditei tanto, que me parece verdade…
Tudo isso só para dizer que não tenho nenhuma diferença com minhas escolhas e com esse universo teatral e que por ele sou um eterno apaixonado…só acho que não vai dar tempo nessa vida de entender e descobrir os segredos dessa manifestação maravilhosa que só o teatro é capaz de proporcionar…
seguimos…até onde der…até onde a vida couber...
Rudiflan boyan
sexta-feira, 2 de abril de 2010
O QUE HÁ DE MAIS BELO PRA CUSPIR
O QUE HÁ DE MAIS BELO PRA CUSPIR
A lindeza maléfica do mundo
não cabe no mundo
é de cera carcomida e de origem torpe
extensos são os seus rios de enxofre
e vazia de dar dó é a sua existência
Grandiosa é a casca da beleza
porque está em toda parte
com suas ocultas verdades de vingança e traição
Tudo o que é belo tem perfume
e quanto mais perfume
maior sua podridão travestida
de anjos encardidos de gordura
mergulhados na perdição
Conheço as criaturas da noite
são as que tramam em segredo
sua principal atitude é a fuga acelerada
criaturas que são queimadas
pela vergonha
Eu preparo meu catarro
cansado de tanto cuspir
nessas doenças que proliferam
suas máscaras de fé mentida e sedução mortal
Os enganos que fabrica
merecem o desprezo do que são:
bueiros
Se você deixa a falsa beleza impune
os esgotos invadem sua casa
e haverá um dia em que não poderão distinguir
você da merda
O que há de mais belo pra cuspir é muito
guarda o que é pouco
que isso sim é que é grande
e belo
o resto são criaturas pútridas e mortas
a escória
o inferno
A lindeza maléfica do mundo
não cabe no mundo
é de cera carcomida e de origem torpe
extensos são os seus rios de enxofre
e vazia de dar dó é a sua existência
Grandiosa é a casca da beleza
porque está em toda parte
com suas ocultas verdades de vingança e traição
Tudo o que é belo tem perfume
e quanto mais perfume
maior sua podridão travestida
de anjos encardidos de gordura
mergulhados na perdição
Conheço as criaturas da noite
são as que tramam em segredo
sua principal atitude é a fuga acelerada
criaturas que são queimadas
pela vergonha
Eu preparo meu catarro
cansado de tanto cuspir
nessas doenças que proliferam
suas máscaras de fé mentida e sedução mortal
Os enganos que fabrica
merecem o desprezo do que são:
bueiros
Se você deixa a falsa beleza impune
os esgotos invadem sua casa
e haverá um dia em que não poderão distinguir
você da merda
O que há de mais belo pra cuspir é muito
guarda o que é pouco
que isso sim é que é grande
e belo
o resto são criaturas pútridas e mortas
a escória
o inferno
Jude
O QUE HÁ DE MAIS BELO PRA CUSPIR
O QUE HÁ DE MAIS BELO PRA CUSPIR
A lindeza maléfica do mundo
não cabe no mundo
é de cera carcomida e de origem torpe
extensos são os seus rios de enxofre
e vazia de dar dó é a sua existência
Grandiosa é a casca da beleza
porque está em toda parte
com suas ocultas verdades de vingança e traição
Tudo o que é belo tem perfume
e quanto mais perfume
maior sua podridão travestida
de anjos encardidos de gordura
mergulhados na perdição
Conheço as criaturas da noite
são as que tramam em segredo
sua principal atitude é a fuga acelerada
criaturas que são queimadas
pela vergonha
Eu preparo meu catarro
cansado de tanto cuspir
nessas doenças que proliferam
suas máscaras de fé mentida e sedução mortal
Os enganos que fabrica
merecem o desprezo do que são:
bueiros
Se você deixa a falsa beleza impune
os esgotos invadem sua casa
e haverá um dia em que não poderão distinguir
você da merda
O que há de mais belo pra cuspir é muito
guarda o que é pouco
que isso sim é que é grande
e belo
o resto são criaturas pútridas e mortas
a escória
A lindeza maléfica do mundo
não cabe no mundo
é de cera carcomida e de origem torpe
extensos são os seus rios de enxofre
e vazia de dar dó é a sua existência
Grandiosa é a casca da beleza
porque está em toda parte
com suas ocultas verdades de vingança e traição
Tudo o que é belo tem perfume
e quanto mais perfume
maior sua podridão travestida
de anjos encardidos de gordura
mergulhados na perdição
Conheço as criaturas da noite
são as que tramam em segredo
sua principal atitude é a fuga acelerada
criaturas que são queimadas
pela vergonha
Eu preparo meu catarro
cansado de tanto cuspir
nessas doenças que proliferam
suas máscaras de fé mentida e sedução mortal
Os enganos que fabrica
merecem o desprezo do que são:
bueiros
Se você deixa a falsa beleza impune
os esgotos invadem sua casa
e haverá um dia em que não poderão distinguir
você da merda
O que há de mais belo pra cuspir é muito
guarda o que é pouco
que isso sim é que é grande
e belo
o resto são criaturas pútridas e mortas
a escória
Jude
segunda-feira, 29 de março de 2010
A culpa é do domingo cinza e sua chuva de coisas afiadas
A UM FILHO QUE NUNCA TEREI
Sim, a alegria dura muito pouco
nós sabemos ser tristes
A notícia é:
apaixonou-se por quem está apaixonado por mim
você é a excelente parede com quem eu falava
pinacoteca itinerante
Meu amor é despeito, despinto, descaralho de tudo
os sentimentos circulam
dão uma volta no quarteirão
entram no copo de café
depois você vê que eles saem nas baforadas do cigarro e tal
estão em toda a parte
não se escapa de coisas assim
eu morreria de auto humilhação, sabe?
diminuído pelo perdão alheio!
despreparado para a vida
preparadíssimo para a morte
ergo uma nação
de faíscas
Eu descubro a poesia pela insistência da lâmina
os homens são destinados ao nunca
e a primeira vez das coisas
é a porta de entrada da verdade
da consciência
e do não
esse sim gigantíssimo:
fodamo-nos
Me corto todo para vos
solo dejaré la lengua para lamerte
Isso é o que me faz ser. E o que me faz ser é velho conhecido meu.
Se você me amar de vez em quando
eu prometo morrer apenas em dias alternados
É muito engraçado
o amor provoca o riso
você ri até morrer
é preciso um abdômen de ferro
e muita matéria plástica
en tu corazón, hijo,
en tu corazón
Sim, a alegria dura muito pouco
nós sabemos ser tristes
A notícia é:
apaixonou-se por quem está apaixonado por mim
você é a excelente parede com quem eu falava
pinacoteca itinerante
Meu amor é despeito, despinto, descaralho de tudo
os sentimentos circulam
dão uma volta no quarteirão
entram no copo de café
depois você vê que eles saem nas baforadas do cigarro e tal
estão em toda a parte
não se escapa de coisas assim
eu morreria de auto humilhação, sabe?
diminuído pelo perdão alheio!
despreparado para a vida
preparadíssimo para a morte
ergo uma nação
de faíscas
Eu descubro a poesia pela insistência da lâmina
os homens são destinados ao nunca
e a primeira vez das coisas
é a porta de entrada da verdade
da consciência
e do não
esse sim gigantíssimo:
fodamo-nos
Me corto todo para vos
solo dejaré la lengua para lamerte
Isso é o que me faz ser. E o que me faz ser é velho conhecido meu.
Se você me amar de vez em quando
eu prometo morrer apenas em dias alternados
É muito engraçado
o amor provoca o riso
você ri até morrer
é preciso um abdômen de ferro
e muita matéria plástica
en tu corazón, hijo,
en tu corazón
Juditinha
domingo, 28 de março de 2010
...
O crocodilo de nome Orlando, enquanto devorava o cabo Jacinto, chorava de alegria. Ah, Juditinha, tu também se tivesses aquela cauda e bocarra gigantescas dos répteis, devorarias um pelotão inteiro!
quinta-feira, 18 de março de 2010
Redimunho seleciona estagiários
"Grupo Redimunho De Investigação Teatral"
Seleciona estagiários.
Contemplados pela lei Municipal de Fomento para a cidade de São Paulo, o Grupo "Redimunho de Investigação Teatral”, seleciona estagiários que acompanharão o processo de criação e consolidação do seu próximo espetáculo, “Marulho o caminho do rio...”
Aos interessados, enviar e-mail para redimunho@gmail.com com as seguintes informações:
-Nome.
-Cidade em que mora.
-Grau de musicalização. (se houver)
-Currículo breve.
-Dissertação sobre si mesmo.
Seleciona estagiários.
Contemplados pela lei Municipal de Fomento para a cidade de São Paulo, o Grupo "Redimunho de Investigação Teatral”, seleciona estagiários que acompanharão o processo de criação e consolidação do seu próximo espetáculo, “Marulho o caminho do rio...”
Aos interessados, enviar e-mail para redimunho@gmail.com com as seguintes informações:
-Nome.
-Cidade em que mora.
-Grau de musicalização. (se houver)
-Currículo breve.
-Dissertação sobre si mesmo.
sábado, 13 de março de 2010
A CASA em livro...
Fazendo História
Na programação paralela haverá um lançamento editorial importante, na quinta-feira, 11. A Imprensa Oficial publica os primeiros dez volumes da coleção Primeiras Obras, com peças de autores jovens, todos ligados ao movimento teatral da Praça Roosevelt, como Sérgio Roveri, Otávio Martins e Rudifran Pompeu. Nove artistas foram contemplados com um volume próprio e o décimo, Dramamix, reúne 30 textos curtos de diferentes dramaturgos.
Beth Néspoli, Caderno 2, Estadão, 7 de março de 2010
Na programação paralela haverá um lançamento editorial importante, na quinta-feira, 11. A Imprensa Oficial publica os primeiros dez volumes da coleção Primeiras Obras, com peças de autores jovens, todos ligados ao movimento teatral da Praça Roosevelt, como Sérgio Roveri, Otávio Martins e Rudifran Pompeu. Nove artistas foram contemplados com um volume próprio e o décimo, Dramamix, reúne 30 textos curtos de diferentes dramaturgos.
Beth Néspoli, Caderno 2, Estadão, 7 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
O QUE É?
ALUCINAÇÕES DO ATOR NO CAMINHO DE VOLTA PRA CASA DEPOIS DE UM ENSAIO PLENO DE EFLÚVIOS QUE A JUDITH, O LANDUCCI, A CHIQUITA, A GORDA E OS SERES IMORTAIS CONHECEM MUITO BEM
Olha, o que é aquilo no céu?
É um avião?
É um pássaro?
É um sapo?
Não!
Você não tá vendo?
É a estrela-guia! É o Redimunho, porra!
Olha, o que é aquilo no céu?
É um avião?
É um pássaro?
É um sapo?
Não!
Você não tá vendo?
É a estrela-guia! É o Redimunho, porra!
domingo, 7 de março de 2010
sábado, 6 de março de 2010
Para o meu amigo que resolveu ir na frente...e que provavelmente esta nos esperando para uma festa...uma festa daquelas...
domingo, 21 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Todo abismo é navegável a barquinhos de papel! Guimarães Rosa
"Nós todos viemos do inferno; alguns ainda estão quentes de lá" [Guimarães Rosa] ...
Hoje atores em cena, desnudos de si...transportaram o breve instante sagrado para a eternidade do pensamento! Que rufem os tambores e as alfaias...estamos chegando! Saravá!
Hoje atores em cena, desnudos de si...transportaram o breve instante sagrado para a eternidade do pensamento! Que rufem os tambores e as alfaias...estamos chegando! Saravá!
do décimo quarto andar...
Tantas frases
Tantas frases..
E eu aqui debruçado no canto do quarto
Nesse parapeito mal acabado
Tentando olhar para baixo.
Mas a vertigem me cega
Me encerra dentro de um presidio de grades frágeis.
A qualquer momento haverá uma revoada
de penas.
Tantas frases..
E eu aqui debruçado no canto do quarto
Nesse parapeito mal acabado
Tentando olhar para baixo.
Mas a vertigem me cega
Me encerra dentro de um presidio de grades frágeis.
A qualquer momento haverá uma revoada
de penas.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
“Tem ácido sulfúrico no meu cabelo!”
Um amigo poeta achou fantástico quando eu disse.
Tem ácido sulfúrico em todo o meu corpo.
“Eu não posso com ácido, tenho vitiligo!”
Quer saber? Que se foda o vitiligo!
Eu escolho viver.
E que venha o ácido sulfúrico...
ps: eu acho que quando encontra a água, vira ácido sulfídrico, mas eu não tenho certeza, já saí da escola...
Um amigo poeta achou fantástico quando eu disse.
Tem ácido sulfúrico em todo o meu corpo.
“Eu não posso com ácido, tenho vitiligo!”
Quer saber? Que se foda o vitiligo!
Eu escolho viver.
E que venha o ácido sulfúrico...
ps: eu acho que quando encontra a água, vira ácido sulfídrico, mas eu não tenho certeza, já saí da escola...
IJEXÁ...
Ijexá em português, Ijesha em inglês (escreve-se Ijesa na ortografia Yoruba), são um sub-grupo étnico dos Yorubas.
Ijexá é uma nação do Candomblé, formada pelos escravos vindos de Ilesa na Nigéria, em maior quantidade na região de Salvador, Bahia.
O Babalorixá Eduardo de Ijexá foi o mais conhecido dessa nação. Como também o Babalorixá Severiano Santana Porto, ambos do mesmo orixá, Logum Edé.
O Ijexá resiste atualmente como ritmo musical presente nos Afoxés.
O Ijexá, dentro do Candomblé é essencialmente um ritmo que se toca para Orixás, Oxum, Osain, Ogum, Logum-edé, Exu, Oba, Oyá-Yansan e Oxalá.
Ritmo suave mas de batida e cadência marcadas de grande beleza, no som e na dança. O Ijexá é tocado exclusivamente com as mãos, os aquidavis ou baquetas não são usados nesse toque, sempre acompanhado do Gã (agogô) para marcar o compasso. O Afoxé Filhos de Gandhi da Bahia, é talvez o mais tenaz dos grupos culturais brasileiros na preservação desse ritmo.
Nação Ijexá do Candomblé
Ijexá é uma nação do Candomblé, formada pelos escravos vindos de Ilesa na Nigéria, em maior quantidade na região de Salvador, Bahia.
O Babalorixá Eduardo de Ijexá foi o mais conhecido dessa nação. Como também o Babalorixá Severiano Santana Porto, ambos do mesmo orixá, Logum Edé.
Ritmo africano
O Ijexá resiste atualmente como ritmo musical presente nos Afoxés.
O Ijexá, dentro do Candomblé é essencialmente um ritmo que se toca para Orixás, Oxum, Osain, Ogum, Logum-edé, Exu, Oba, Oyá-Yansan e Oxalá.
Ritmo suave mas de batida e cadência marcadas de grande beleza, no som e na dança. O Ijexá é tocado exclusivamente com as mãos, os aquidavis ou baquetas não são usados nesse toque, sempre acompanhado do Gã (agogô) para marcar o compasso. O Afoxé Filhos de Gandhi da Bahia, é talvez o mais tenaz dos grupos culturais brasileiros na preservação desse ritmo.
YABÁ....
Iabá, Yabá ou Iyabá , cujo o termo quer dizer Mãe Rainha , é o termo dado aos orixás femininos , Yemanjá e Oxum, mas no Brasil esse termo é utilizado para definir todos os orixás femininos em geral, em vez do termo Obirinxá ( Orixá feminino), que seria o termo mais correto. O termo Iabá é dado a Yemanjá e Oxum , porque ambas estão intimamente ligadas a gestação - ao parto - e aos cuidados da mãe com o seu filho. E por terem sido rainhas, apenas essas duas divindades usam o chorão , contas presas aos seus adês que servem para cobrirem os seus rostos nas festas .
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
AS ARTESÃS
AS ARTESÃS
Memórias trabalham com argilas
e fios desencapados
Seu ofício
mais antigo que a noite
é a escultura do nosso fim
Prendadas
as memórias têm as habilidades
perdidas
de Deus
Essas estranhas línguas
com espasmos e olheiras de betume
vestidas de dias, noites e intervalos
traídas horas do desabraço
gostam de adornar o que se teve
e espedaçar sobre o não tido
migalhas em neve, never, niente
forjam o tempo todo do tempo
deveriam
ser a principal imagem da folhinha
a t-o-t-a-l-i-d-a-d-e
dos calendários
Há memórias
que nunca foram convidadas
por isso as ruas elas confundem
e batem à tua porta
desorientadas
pedindo esmolas:
é preciso cuidado pra não oferecer o mesmo pão
o que seria jogado fora
Há memórias
de bafo quente e dentes branquíssimos
estremecem tudo o que se move sobre a terra
— a vingança —
orgulhosas e destras
brincam de dardo com a existência
crianças que não perdoam nunca
o abandono de incertezas
e como jogam cartas!
prestidigitadoras
adivinham
tudo o que traz a boca da noite
uma pergunta que antecede a chuva
os vidros embaçam, criam poças d’água
esticam as luzes
e botam todos os semáforos em vermelho
chegam assim no pé de uma orelha distraída
e assopram:
Como começar a contar
— para si, para eu, para mim —
a si mesmo?
Memórias trabalham com argilas
e fios desencapados
Seu ofício
mais antigo que a noite
é a escultura do nosso fim
Prendadas
as memórias têm as habilidades
perdidas
de Deus
Essas estranhas línguas
com espasmos e olheiras de betume
vestidas de dias, noites e intervalos
traídas horas do desabraço
gostam de adornar o que se teve
e espedaçar sobre o não tido
migalhas em neve, never, niente
forjam o tempo todo do tempo
deveriam
ser a principal imagem da folhinha
a t-o-t-a-l-i-d-a-d-e
dos calendários
Há memórias
que nunca foram convidadas
por isso as ruas elas confundem
e batem à tua porta
desorientadas
pedindo esmolas:
é preciso cuidado pra não oferecer o mesmo pão
o que seria jogado fora
Há memórias
de bafo quente e dentes branquíssimos
estremecem tudo o que se move sobre a terra
— a vingança —
orgulhosas e destras
brincam de dardo com a existência
crianças que não perdoam nunca
o abandono de incertezas
e como jogam cartas!
prestidigitadoras
adivinham
tudo o que traz a boca da noite
uma pergunta que antecede a chuva
os vidros embaçam, criam poças d’água
esticam as luzes
e botam todos os semáforos em vermelho
chegam assim no pé de uma orelha distraída
e assopram:
Como começar a contar
— para si, para eu, para mim —
a si mesmo?
I.Fornerón
Poemas do 2º Ato, 2010
Porquê?
Estava aqui com o pensamento ainda fresco sobre as provocações que resolvem surgir ao longo de densas madrugadas...
Tudo paira sobre o pensamento e nada se responde com a certeza que as vezes preciso...mas hoje uma questão se colocou de forma mais direta...
Porquê voce faz teatro?
(PAUSA PENSADA E LONGA)
E horas depois ainda nao respondi essa porra de questão...tudo que sai da garganta, sai de forma insegura, medrosa, como se eu pudesse me esconder na natureza morta do pensamento...
Quase a ponto de enlouquecer e torturado pela pergunta... entrego os pontos:
- Faço porque gosto!
Te assusta tal resposta? Não queira desvendar meus segredos senhor dos tempos...eu sou um ator...pronto a devastar-me entre as interrogações da vida...sou um trem desgovernado e poderia te responder assim:
-Porque sim!
Ass. Vanderleysinho o intrigante...
Tudo paira sobre o pensamento e nada se responde com a certeza que as vezes preciso...mas hoje uma questão se colocou de forma mais direta...
Porquê voce faz teatro?
(PAUSA PENSADA E LONGA)
E horas depois ainda nao respondi essa porra de questão...tudo que sai da garganta, sai de forma insegura, medrosa, como se eu pudesse me esconder na natureza morta do pensamento...
Quase a ponto de enlouquecer e torturado pela pergunta... entrego os pontos:
- Faço porque gosto!
Te assusta tal resposta? Não queira desvendar meus segredos senhor dos tempos...eu sou um ator...pronto a devastar-me entre as interrogações da vida...sou um trem desgovernado e poderia te responder assim:
-Porque sim!
Ass. Vanderleysinho o intrigante...
Pai,o mundo tem tamanho?
...Tem!
É maior que a casa da vó?
Ah! Vai se arrumar, vai filho! Que horas é a aula?
A hora que a gente chegar né?
Apressado o pai apita o alarme do carro e some na estrada...
É maior que a casa da vó?
Ah! Vai se arrumar, vai filho! Que horas é a aula?
A hora que a gente chegar né?
Apressado o pai apita o alarme do carro e some na estrada...
pelo mundo afora...
o quadrado descarpado do eterno desajuizado pernil longo e extenso do inverno afetado pela água descarregada pelo pipador de ventos molhados...vai ventarola...avoa pelo imenso véu azul de céu escancarado...desabrocha em prantos...ó ator...mexedor de lugares incertos...ciscador de terras imaginarias...inventor de mecanismos indiziveis, vai ator...ressurge feito milho depois da chuva e mostra teus dentes e cabelos esvoaçados da labuta eterna...acende a luz da vida e desmancha o bom penteado da rotina mortal...escancara tua cara, cara e bem cara forma de ver e viver a estranha vida de tantos outros seres de invisibilidade assumida...vai cara! assume teu enorme circulo quadrado de giz esbranquiçado pelo tempo vivido...quadrado é o tempo que faz - tum, tum...
de um comentario do blog do forneron
de um comentario do blog do forneron
HOJE SOU ONDINA
Meu nome é Ondina. O nome é antigo, mas eu gosto... Quer dizer viver entre ondas pequenas, que sobem de repente, afagam, ou até derrubam... Bonito né? Combina comigo. Ainda mais agora que eu sou concha... É...concha do mar! Uma concha cercada de um monte de coisas, cercada do mar inteiro, mas de verdade sozinha. Às vezes o barulho do mar enjoa...sempre o mesmo. Apesar do tamanhão dele ele sempre se repete, sempre... Eu enjôo.
Ser gente às vezes parece tão pequeno perto de todas as coisas que queria ser! Eu já fui peixe, já fui gaivota, já fui vento, já fui chuva, chuva fraca e chuva forte... Queria ser barco, queria ser um marisco grudado nas pedras... Já fui tantas coisas e queria ser tantas outras! Mas hoje sou concha. As pessoas sempre querem saber o que as conchas dizem... Olha que coisa! Tem uma aqui falando com elas, de um jeito que dá até pra entender!
Eu imaginei uma vida diferente pra mim, sem conta pra pagar, sem esses montes de papéis, burocracias, esses monte de tralha que a gente acumula no nosso dia-a-dia e que roubam nossas horas de viver de verdade... E a gente faz isso muitas vezes sem perceber! Eu queria ultrapassar o limite do que eu sou... Acho que eu queria nunca crescer, ser "gente grande"... sofrer de tédio e indecisão...
A gente nunca tá feliz mesmo, né?! Eu penso que a felicidade podia ser uma coisa, um objeto...que desse pra tocar, apertar, cheirar... Já pensou? Ia dar pra falar: "Olha...eu tenho felicidade, você quer ver? Ah...sua felicidade é tão linda...me empresta? Eu quero ganhar felicidade de presente de aniversário... Amanhã é meu aniversário...". Acho que ia ser bom...
Eu também tenho vontade de ser cor... Várias cores... Cada dia uma. Hoje eu sou vermelho, vermelho de raiva, de dor, de inflamação, de sangue... Hoje eu sou uma concha vermelha.
Sozinha.
Só com o que me pertence.
Só com o que é meu.
Quieta.
giovanna galdi
Ser gente às vezes parece tão pequeno perto de todas as coisas que queria ser! Eu já fui peixe, já fui gaivota, já fui vento, já fui chuva, chuva fraca e chuva forte... Queria ser barco, queria ser um marisco grudado nas pedras... Já fui tantas coisas e queria ser tantas outras! Mas hoje sou concha. As pessoas sempre querem saber o que as conchas dizem... Olha que coisa! Tem uma aqui falando com elas, de um jeito que dá até pra entender!
Eu imaginei uma vida diferente pra mim, sem conta pra pagar, sem esses montes de papéis, burocracias, esses monte de tralha que a gente acumula no nosso dia-a-dia e que roubam nossas horas de viver de verdade... E a gente faz isso muitas vezes sem perceber! Eu queria ultrapassar o limite do que eu sou... Acho que eu queria nunca crescer, ser "gente grande"... sofrer de tédio e indecisão...
A gente nunca tá feliz mesmo, né?! Eu penso que a felicidade podia ser uma coisa, um objeto...que desse pra tocar, apertar, cheirar... Já pensou? Ia dar pra falar: "Olha...eu tenho felicidade, você quer ver? Ah...sua felicidade é tão linda...me empresta? Eu quero ganhar felicidade de presente de aniversário... Amanhã é meu aniversário...". Acho que ia ser bom...
Eu também tenho vontade de ser cor... Várias cores... Cada dia uma. Hoje eu sou vermelho, vermelho de raiva, de dor, de inflamação, de sangue... Hoje eu sou uma concha vermelha.
Sozinha.
Só com o que me pertence.
Só com o que é meu.
Quieta.
giovanna galdi
Quando eu era pequeno...
...me disseram que teatro era um bagulho muito legal...
Que a gente podia fazer de conta que vivia em outro mundo, que era outras gentes e tal...desencanei e fiquei 25 anos brincando de ser outros...me perdi! Agora , ando precisando de mim...
Que a gente podia fazer de conta que vivia em outro mundo, que era outras gentes e tal...desencanei e fiquei 25 anos brincando de ser outros...me perdi! Agora , ando precisando de mim...
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Qual a parte do teu corpo?
A cabeça, senhor!É a única que pode restar...ainda útil...poderia ser um pé, uma bonita coxa...mas...creio que a cabeça é a que vale mais...
Portanto: ceiamos senhor!
Portanto: ceiamos senhor!
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Daguerreotipo
1839
- O inventor francês Louis Daguerre desenvolve o Daguerreotype, o primeiro método comercial para produzir fotografias.
1841
- O inventor britânico patenteia o calotype, processo para imprimir negativos fotográficos em papel.
1869
- John Wesley Hyatt inventa o celuloide, o primeiro plástico comerciavel, que mais tarde servirá de base à película cinematográfica.
1879
- O americano Thomas Edison regista a primeira lâmpada incandescente que será parte importante dos projectores cinematográficos.
1887
- Na Alemanha, Ottomar Anschutz demonstra o Electro-Tachyscope, que consiste numa sequência de fotografias colocadas numa roda e visualizadas através de um pequeno orifício, produzindo movimento.
1889
- O americano George Eastman inventa o filme de celuloide perfurado.
- Thomas Edison desenvolve o Kinetophonograph que permite sincronizar a projecção de um filme com uma gravação fonográfica.
1891
- Thomas Edison inventa o Kinetograph, o primeiro sistema cinematográfico, e o Kinetoscope, uma caixa que permitia ver filmes.
1892
- O francês Émile Renauld demonstra o Praxinoscope, que permite projectar pequenas animações desenhadas à mão, num ecrã.
1893
- Thomas Edison constrói o primeiro estúdio de cinema (Black Maria) em New Jersey. Tem lugar em Nova Iorque a primeira exibição pública do Kinetoscope.
1894
- Thomas Edison inicia a actividade comercial do Kinetoscope em Nova Iorque.
- Robert W. Paul, um cientista de Londres, descobre que Edison não tinha registado o Kinetoscope na Inglaterra e começa a aperfeiço-á-lo; os melhoramentos incluem um sistema que torna as imagens menos distorcidas e a sua projecção num ecrã.
- Em Berlim, Ottomar Anschutz faz a demonstração de um sistema de projecção.
1895
- Os irmãos Lumière demonstram o seu sistema de projecção, o Cinématographe.
- Os americanos Thomas Woodville e Charles Jenkins desenvolvem o Phantascope, um sistema de projecção mais desenvolvido.
- Em Inglaterra, Robert W. Paul e o fotografo Birt Acres colaboram na construção de uma câmara de filmar, Acres começa a filmar eventos desportivos.
- Na Alemanha, Max Skladanowsky regista o seu projector Bioskop e faz uma projecção pública em Berlim.
1896
- Thomas Edison adquire os direitos do Phantascope (passando-se a chamar Vitascope) e inicia as projecções públicas em Nova Iorque.
- As empresas Biograph e Vitagraph iniciam operações, tornando-se nas principais rivais da Edison Company.
- Em Inglaterra, Birt Acres faz a demonstração da projecção de filmes e funda a Northern Photographic Works; Robert W. Paul dá a conhecer o seu método de projecção de filmes e meses depois realiza o primeiro filme de ficção inglês, The Soldier’s Courtship.
- Peter Elfelt realiza o primeiro filme Dinamarques.
- O espectáculo dos Irmãos Lumiere abre na ÿndia.
- A primeira exibição cinematográfica em Espanha ocorre em Madrid perante uma audiência constituída principalmente por colegiais.
1897
- A Vitagraph estreia o seu primeiro filme de ficção The Burglar on the Roof.
- Fructuoso Gelabert realiza o primeiro filme de ficção espanhol, Rina en un Café.
1898
- Até meados da década seguinte, as empresas cinematográficas, em vez de alugarem, vendem os filmes e o equipamento de projecção às empresas exibidoras.
- Os imigrantes e as classes trabalhadoras constituem o grande público cinematográfico.
1899
- Cecil Hepworth produz os seus primeiros filmes.
- O Japão produz os seus primeiros filmes.
- Robert W. Paul inaugura um dos primeiros estúdios inglêses no norte de Londres.
- Auguste Baron trabalha no seu sistema sonoro, mas não encontra grande receptividade.
- O inventor francês Louis Daguerre desenvolve o Daguerreotype, o primeiro método comercial para produzir fotografias.
1841
- O inventor britânico patenteia o calotype, processo para imprimir negativos fotográficos em papel.
1869
- John Wesley Hyatt inventa o celuloide, o primeiro plástico comerciavel, que mais tarde servirá de base à película cinematográfica.
1879
- O americano Thomas Edison regista a primeira lâmpada incandescente que será parte importante dos projectores cinematográficos.
1887
- Na Alemanha, Ottomar Anschutz demonstra o Electro-Tachyscope, que consiste numa sequência de fotografias colocadas numa roda e visualizadas através de um pequeno orifício, produzindo movimento.
1889
- O americano George Eastman inventa o filme de celuloide perfurado.
- Thomas Edison desenvolve o Kinetophonograph que permite sincronizar a projecção de um filme com uma gravação fonográfica.
1891
- Thomas Edison inventa o Kinetograph, o primeiro sistema cinematográfico, e o Kinetoscope, uma caixa que permitia ver filmes.
1892
- O francês Émile Renauld demonstra o Praxinoscope, que permite projectar pequenas animações desenhadas à mão, num ecrã.
1893
- Thomas Edison constrói o primeiro estúdio de cinema (Black Maria) em New Jersey. Tem lugar em Nova Iorque a primeira exibição pública do Kinetoscope.
1894
- Thomas Edison inicia a actividade comercial do Kinetoscope em Nova Iorque.
- Robert W. Paul, um cientista de Londres, descobre que Edison não tinha registado o Kinetoscope na Inglaterra e começa a aperfeiço-á-lo; os melhoramentos incluem um sistema que torna as imagens menos distorcidas e a sua projecção num ecrã.
- Em Berlim, Ottomar Anschutz faz a demonstração de um sistema de projecção.
1895
- Os irmãos Lumière demonstram o seu sistema de projecção, o Cinématographe.
- Os americanos Thomas Woodville e Charles Jenkins desenvolvem o Phantascope, um sistema de projecção mais desenvolvido.
- Em Inglaterra, Robert W. Paul e o fotografo Birt Acres colaboram na construção de uma câmara de filmar, Acres começa a filmar eventos desportivos.
- Na Alemanha, Max Skladanowsky regista o seu projector Bioskop e faz uma projecção pública em Berlim.
1896
- Thomas Edison adquire os direitos do Phantascope (passando-se a chamar Vitascope) e inicia as projecções públicas em Nova Iorque.
- As empresas Biograph e Vitagraph iniciam operações, tornando-se nas principais rivais da Edison Company.
- Em Inglaterra, Birt Acres faz a demonstração da projecção de filmes e funda a Northern Photographic Works; Robert W. Paul dá a conhecer o seu método de projecção de filmes e meses depois realiza o primeiro filme de ficção inglês, The Soldier’s Courtship.
- Peter Elfelt realiza o primeiro filme Dinamarques.
- O espectáculo dos Irmãos Lumiere abre na ÿndia.
- A primeira exibição cinematográfica em Espanha ocorre em Madrid perante uma audiência constituída principalmente por colegiais.
1897
- A Vitagraph estreia o seu primeiro filme de ficção The Burglar on the Roof.
- Fructuoso Gelabert realiza o primeiro filme de ficção espanhol, Rina en un Café.
1898
- Até meados da década seguinte, as empresas cinematográficas, em vez de alugarem, vendem os filmes e o equipamento de projecção às empresas exibidoras.
- Os imigrantes e as classes trabalhadoras constituem o grande público cinematográfico.
1899
- Cecil Hepworth produz os seus primeiros filmes.
- O Japão produz os seus primeiros filmes.
- Robert W. Paul inaugura um dos primeiros estúdios inglêses no norte de Londres.
- Auguste Baron trabalha no seu sistema sonoro, mas não encontra grande receptividade.
Josemar...Joosee Maarrr..
Tinha ele orgulho de ser Mar...de ser José...e quando os dois se juntavam ...
Pulavam de "enérgica" e ingênua alegria de ter como seu aquilo que nunca mais lhe poderiam tirar...ele era mar! Josémar..carreteiro em Sao Paulo e senhor de si no além das águas... José mar para o todo...para o pouco...para sempre!
Ass. Jidião Guedes
Pulavam de "enérgica" e ingênua alegria de ter como seu aquilo que nunca mais lhe poderiam tirar...ele era mar! Josémar..carreteiro em Sao Paulo e senhor de si no além das águas... José mar para o todo...para o pouco...para sempre!
Ass. Jidião Guedes
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
SEMANA DE CENAS...CENAS QUE SE ENCENAM SÓ...
Cenas que se encenam só...são só cenas.
só são cenas se se encenam...só cenas...
somente uma semente somenteserá...cena por cena só uma vingará...
só são cenas se se encenam...só cenas...
somente uma semente somenteserá...cena por cena só uma vingará...
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
O sertanejo vai s'imbora...
Morre o cantor Pena Branca

Faleceu aos 70 anos, vítima de infarto, na noite dessa segunda-feira (8), José Ramiro Sobrinho, o Pena Branca, que por 37 anos formou dupla com seu irmão Xavantinho, falecido em 1999.
Pena Branca estava em sua casa, em São Paulo, ao lado da esposa, quando reclamou de dores no peito e caiu da cadeira. O cantor foi levado ao hospital São Luiz Gonzaga, no Jaçanã, mas não resistiu.
Ícones da música sertaneja de raiz, os irmãos apresentavam um contraste curioso: eram típicos caipiras, no comportamento simples e na forma de falar, mas sempre estiveram envolvidos com nomes importantes de um sertanejo mais poético, de Rolando Boldrin, por quem já foram produzidos, e de Renato Teixeira, com quem lançaram um CD ao vivo em 1992.
A música mais lembrada nesses próximos dias, provavelmente será "O cio da terra", composta por Chico Buarque e Milton Nascimento.
No entanto, o público sertanejo deverá se lembrar mesmo da canção "Cuitelinho", que já apareceu em várias listas sobre músicas sertanejas mais importantes da história.
Além dessas duas, existem outros inúmeros clássicos nas vozes dos irmãos, entre eles, "Calix Bento" e "Chuá, Chuá".
Na década de 1980, a dupla passou mais de cinco anos sem gravar, após negar um pedido da gravadora de se adequar ao mercado sertanejo que começava a crescer.
No último sábado, a simplicidade de Pena Branca foi lembrada na gravação do DVD de Sérgio Reis e Renato Teixeira.
Durante uma pausa na gravação, Sérgio Reis contou que certo dia, Pena Branca ligou em sua casa perguntando: "recebi uma carta aqui dizendo que eu ganhei um tal de Grammy, que isso?".
Pena Branca se referia ao Grammy Latino conquistado em 2001, com o álbum "Semente caipira", o primeiro gravado após o falecimento do irmão.
Durante o dia, vou atualizando esse texto.
E a música sertaneja amanhece mais um dia de luto.
Por André Piunti às 01h12
domingo, 7 de fevereiro de 2010
BLOCOS DE CARNAVAL...
Região do Baixo Augusta ganha bloco de Carnaval
Bloco Augusta é um dos mais novos do Carnaval de São Paulo
Foto: Divulgação
Atenção você, paulistano, que vive nas cercanias da Avenida Paulista. Você que freqüenta os cinemas e bares da região, que pinga por ali à noite atrás da sofisticação de algumas das melhores baladas da cidade - ou apenas do fuzuê da rua e do sexo dito barato. Você, que passa de segunda a sexta pelo tronco-chave de São Paulo porque seu trampo é logo ali. Ou você, que conhece alguém que faz alguma dessas coisas. Não importa. Todos são agora convidados da mais recente novidade da região: o Acadêmicos do Baixo Augusta, pequenino bloco de carnaval que nasce este ano com pinta de futura escola de samba campeã.
"Tudo isso para celebrar a revitalização da região. Será muito legal ter o Baixo Augusta incluído na agenda do Carnaval. Tivemos a idéia no ano passado, quando nos encontramos em casamento de uns amigos em Paraty. A coisa amadureceu este ano, dividimos tarefas e aí está", disse Alexandre Youssef, dono do estúdio SP e, vejam só, presidente do Acadêmicos do Baixo Augusta. O bloco terá o cantor Simoninha como intérprete oficial, além da atriz Marisa Orth de madrinha de bateria e Greg Bousquet como Rei Mimo (versão moderna e magrela do Rei Momo).
O primeiro e único desfile do bloco acontecerá neste próximo domingo de pré-Carnaval, dia 7, com a saída dos foliões programada para a frente do bar Sonique (Rua Bela Cintra, 461), casa que é também parceira no projeto. Ali, um carro de som e uma banda com 10 metais e 5 percussões vão comandar a festa, que será ditada por marchinhas de Carnaval, além do hino do bloco, composto por Leo Madeira, Edu Crieguer, Plinio Profeta e Alexandre Youssef.
A concentração será das 14h às 16h, quando o bloco inicia seu trajeto, descendo a rua Bela Cintra em direção ao centro. Contudo, pouco adiante, na ladeira da rua Costa, o bloco quebra à direita em direção a rua Augusta. Na Augusta, os foliões farão curva para esquerda, novamente em direção ao centro, até o número 591 do Studio SP, quando acaba o desfile. Apenas 700 metros de muita alegria.
No último domingo, no Studio SP, ocorreu o único ensaio do bloco, quando algumas camisetas foram distribuídas. Mas Youssef avisa que ninguém terá privilégios no bloco. "É totalmente livre. Quem quiser, é só chegar e participar da festa". Outras camisetas serão distribuídas no dia, "nada ali será vendido", garante o presidente. "Não queremos que isso seja confundido com um negócio, é uma brincadeira entre amigos e só".
Brincadeira entre amigos, conhecidos e simpatizantes. Aos que gostam e freqüentam a região, ou aqueles que gostam mesmo é de Carnaval, ou mesmo aos simplesmente curiosos, o convite ta feito: domingo agora tem Carnaval na Augusta.
SP tem tradição em Blocos
Engana-se quem pensa que a história dos blocos de carnavais está restrita ao Rio de Janeiro. Unidos de Vila Carmozina, Caprichosos do Piqueri, Bloco Umes Caras Pintadas, Vovó Balão de Pirituba, Amigos da Zona Leste, Chorões da Tia Gê, o que não falta são blocos espalhados pela cidade - a maioria saindo nos dias de Carnaval.
Nos jardins, a banda Guéri-Guéri, fundada em 1986 por Roberto Matarazzo Suplicy (irmão do senador) foi durante anos um dos mais tradicionais blocos da cidade. Recentemente, a banda mudou o local de desfiles para as proximidades do Parque do Ibirapuera - onde não vingou.

Foto: Divulgação
Atenção você, paulistano, que vive nas cercanias da Avenida Paulista. Você que freqüenta os cinemas e bares da região, que pinga por ali à noite atrás da sofisticação de algumas das melhores baladas da cidade - ou apenas do fuzuê da rua e do sexo dito barato. Você, que passa de segunda a sexta pelo tronco-chave de São Paulo porque seu trampo é logo ali. Ou você, que conhece alguém que faz alguma dessas coisas. Não importa. Todos são agora convidados da mais recente novidade da região: o Acadêmicos do Baixo Augusta, pequenino bloco de carnaval que nasce este ano com pinta de futura escola de samba campeã.
"Tudo isso para celebrar a revitalização da região. Será muito legal ter o Baixo Augusta incluído na agenda do Carnaval. Tivemos a idéia no ano passado, quando nos encontramos em casamento de uns amigos em Paraty. A coisa amadureceu este ano, dividimos tarefas e aí está", disse Alexandre Youssef, dono do estúdio SP e, vejam só, presidente do Acadêmicos do Baixo Augusta. O bloco terá o cantor Simoninha como intérprete oficial, além da atriz Marisa Orth de madrinha de bateria e Greg Bousquet como Rei Mimo (versão moderna e magrela do Rei Momo).
O primeiro e único desfile do bloco acontecerá neste próximo domingo de pré-Carnaval, dia 7, com a saída dos foliões programada para a frente do bar Sonique (Rua Bela Cintra, 461), casa que é também parceira no projeto. Ali, um carro de som e uma banda com 10 metais e 5 percussões vão comandar a festa, que será ditada por marchinhas de Carnaval, além do hino do bloco, composto por Leo Madeira, Edu Crieguer, Plinio Profeta e Alexandre Youssef.
A concentração será das 14h às 16h, quando o bloco inicia seu trajeto, descendo a rua Bela Cintra em direção ao centro. Contudo, pouco adiante, na ladeira da rua Costa, o bloco quebra à direita em direção a rua Augusta. Na Augusta, os foliões farão curva para esquerda, novamente em direção ao centro, até o número 591 do Studio SP, quando acaba o desfile. Apenas 700 metros de muita alegria.
No último domingo, no Studio SP, ocorreu o único ensaio do bloco, quando algumas camisetas foram distribuídas. Mas Youssef avisa que ninguém terá privilégios no bloco. "É totalmente livre. Quem quiser, é só chegar e participar da festa". Outras camisetas serão distribuídas no dia, "nada ali será vendido", garante o presidente. "Não queremos que isso seja confundido com um negócio, é uma brincadeira entre amigos e só".
Brincadeira entre amigos, conhecidos e simpatizantes. Aos que gostam e freqüentam a região, ou aqueles que gostam mesmo é de Carnaval, ou mesmo aos simplesmente curiosos, o convite ta feito: domingo agora tem Carnaval na Augusta.
SP tem tradição em Blocos
Engana-se quem pensa que a história dos blocos de carnavais está restrita ao Rio de Janeiro. Unidos de Vila Carmozina, Caprichosos do Piqueri, Bloco Umes Caras Pintadas, Vovó Balão de Pirituba, Amigos da Zona Leste, Chorões da Tia Gê, o que não falta são blocos espalhados pela cidade - a maioria saindo nos dias de Carnaval.
Nos jardins, a banda Guéri-Guéri, fundada em 1986 por Roberto Matarazzo Suplicy (irmão do senador) foi durante anos um dos mais tradicionais blocos da cidade. Recentemente, a banda mudou o local de desfiles para as proximidades do Parque do Ibirapuera - onde não vingou.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
PROGRAMA MUNICIPAL DE FOMENTO AO TEATRO PARA A CIDADE DE SÃO PAULO
A Prefeitura do Município de São Paulo, através da Secretaria Municipal de Cultura, torna público que no período de 03 a 26 de fevereiro de 2010, estará recebendo no Departamento de Expansão Cultural, situado à Avenida São João, 473, 6o andar, nesta Capital, das 10 às 12h e 14 às 17h, de segunda a sexta-feira, inscrições de propostas dos interessados em participar do "Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo", de acordo com os dispositivos da Lei nº 13.279, de 08 de janeiro de 200208/01/02, observando-se, ainda os dispositivos deste Edital.
A Prefeitura do Município de São Paulo, através da Secretaria Municipal de Cultura, torna público que no período de 03 a 26 de fevereiro de 2010, estará recebendo no Departamento de Expansão Cultural, situado à Avenida São João, 473, 6o andar, nesta Capital, das 10 às 12h e 14 às 17h, de segunda a sexta-feira, inscrições de propostas dos interessados em participar do "Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo", de acordo com os dispositivos da Lei nº 13.279, de 08 de janeiro de 2002
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Sob ataque o teatro entra em vigilia...
Na espera do que pode acontecer os grupos e artistas do teatro e da dança ficam na espectativa de ter que enfrentar mais uma vez aqueles que deveriam de fato estar do nosso lado, mas parece que fazem de tudo para desmantelar o que com tanto esforço conquistamos ao longo desses anos...reunião hoje a tarde da comissão e a noite assembléia permanente e decisiva para talvez uma grande manifestação contra essa postura de engessamento e ilegalidade dos senhores da cultura de São Paulo...
O senhor secretario de cultura do municipio (Calil) desrespeita a lei (lei de fomento) com o discurso de estar cumprindo a lei...ou seja ele vira um fora da lei para fazer a lei? O que ele é? Um justiceiro?Se deseja mudar uma lei que mude no legislativo!E porque ao invés de descumprir a lei ele não propoe a criação de outras que aumentem a capacidade de fomentar mais e mais cultura na cidade? Esse governo parece que vai ficar marcado como o secretario que queria derrubar o fomento!!!
E a gente mais uma vez tem que parar as coisas da criação pra combater alem da enchente de água a enchente de lama que esse governo tenta nos impor...
"Quem é de rio...é de rio ...é de mar...o que se ganha de ogum, só ogum pode tirar..."
O senhor secretario de cultura do municipio (Calil) desrespeita a lei (lei de fomento) com o discurso de estar cumprindo a lei...ou seja ele vira um fora da lei para fazer a lei? O que ele é? Um justiceiro?Se deseja mudar uma lei que mude no legislativo!E porque ao invés de descumprir a lei ele não propoe a criação de outras que aumentem a capacidade de fomentar mais e mais cultura na cidade? Esse governo parece que vai ficar marcado como o secretario que queria derrubar o fomento!!!
E a gente mais uma vez tem que parar as coisas da criação pra combater alem da enchente de água a enchente de lama que esse governo tenta nos impor...
"Quem é de rio...é de rio ...é de mar...o que se ganha de ogum, só ogum pode tirar..."
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
NA LUTA !FOTOS DA MANIFESTAÇAO...
http://picasaweb.google.com/kiwiciadeteatro/ManifFomento18Jan2010?pli=1&gsessionid=40nj9UdDph3OpbwXQSED2g# |
domingo, 17 de janeiro de 2010
Coisas como são...
"Se preocupar com o destino? Pra quê? De repente o destino tá aí, bem do seu lado..."
Sou Eu
Sou eu, eu mesmo, tal qual resultei de tudo,
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconsequente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ...
Álvaro de Campos
Espécie de acessório ou sobressalente próprio,
Arredores irregulares da minha emoção sincera,
Sou eu aqui em mim, sou eu.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco inconsequente,
Como de um sonho formado sobre realidades mistas,
De me ter deixado, a mim, num banco de carro elétrico,
Para ser encontrado pelo acaso de quem se lhe ir sentar em cima.
E, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco longínqua,
Como de um sonho que se quer lembrar na penumbra a que se acorda,
De haver melhor em mim do que eu.
Sim, ao mesmo tempo, a impressão, um pouco dolorosa,
Como de um acordar sem sonhos para um dia de muitos credores,
De haver falhado tudo como tropeçar no capacho,
De haver embrulhado tudo como a mala sem as escovas,
De haver substituído qualquer coisa a mim algures na vida.
Baste! É a impressão um tanto ou quanto metafísica,
Como o sol pela última vez sobre a janela da casa a abandonar,
De que mais vale ser criança que querer compreender o mundo —
A impressão de pão com manteiga e brinquedos
De um grande sossego sem Jardins de Prosérpina,
De uma boa-vontade para com a vida encostada de testa à janela,
Num ver chover com som lá fora
E não as lágrimas mortas de custar a engolir.
Baste, sim baste! Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
A quem tinem as campainhas da cabeça
Como chocalhos pequenos de uma servidão em cima.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Sou eu mesmo, que remédio! ...
Álvaro de Campos
Bom tempo (1968) - Chico Buarque
Bom Tempo
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
O pescador me confirmou
Que o passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Do duro toda semana
Senão pergunte à Joana
Que não me deixa mentir
Mas, finalmente é domingo
Naturalmente, me vingo
Eu vou me espalhar por aí
No compasso do samba
Eu disfarço o cansaço
Joana debaixo do braço
Carregadinha de amor
Vou que vou
Pela estrada que dá numa praia dourada
Que dá num tal de fazer nada
Como a natureza mandou
Vou
Satisfeito, a alegria batendo no peito
O radinho contando direito
A vitória do meu tricolor
Vou que vou
Lá no alto
O sol quente me leva num salto
Pro lado contrário do asfalto
Pro lado contrário da dor
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
Um pescador me confirmou
Que um passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Ando cansado da lida
Preocupada, corrida, surrada, batida
Dos dias meus
Mas uma vez na vida
Eu vou viver a vida
Que eu pedi a Deus
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
O pescador me confirmou
Que o passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Do duro toda semana
Senão pergunte à Joana
Que não me deixa mentir
Mas, finalmente é domingo
Naturalmente, me vingo
Eu vou me espalhar por aí
No compasso do samba
Eu disfarço o cansaço
Joana debaixo do braço
Carregadinha de amor
Vou que vou
Pela estrada que dá numa praia dourada
Que dá num tal de fazer nada
Como a natureza mandou
Vou
Satisfeito, a alegria batendo no peito
O radinho contando direito
A vitória do meu tricolor
Vou que vou
Lá no alto
O sol quente me leva num salto
Pro lado contrário do asfalto
Pro lado contrário da dor
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
Um pescador me confirmou
Que um passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Ando cansado da lida
Preocupada, corrida, surrada, batida
Dos dias meus
Mas uma vez na vida
Eu vou viver a vida
Que eu pedi a Deus
sábado, 16 de janeiro de 2010
poesia
a vida vem do éter que se condensa mas o que mais no cosmo me entusiasma é a essencia microscópica do plasma fazer a luz do cérebro que pensa.
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Kantor

Wielopole-Wielopole
TEATRO DA MORTE (1975)
O Teatro da Morte é uma ruptura com as etapas precedentes. Kantor descobre que nada expressa melhor a vida do que a ausência da vida. A morte se torna o tema central de seus últimos espetáculos: “A classe morta”, “Wielopole-Wielopole”, “Que morram os artistas”, “Aqui não volto mais” e “Hoje é meu aniversário”.
O Teatro da Morte é uma ruptura com as etapas precedentes. Kantor descobre que nada expressa melhor a vida do que a ausência da vida. A morte se torna o tema central de seus últimos espetáculos: “A classe morta”, “Wielopole-Wielopole”, “Que morram os artistas”, “Aqui não volto mais” e “Hoje é meu aniversário”.

Algumas reflexões (trechos do manifesto) de Tadeusz Kantor sobre o teatro no final do séc. XIX, início do séc. XX, para um maior entendimento do Teatro da Morte.
1 - Craig afirma: “A marionete tem que voltar; o ator vivo deve desaparecer. O homem, criado pela natureza é uma ingerência estranha na estrutura abstrata de uma obra de arte. De acordo com a estética simbolista, Craig considerava o homem, submetido a paixões diversas, a emoções incontroláveis, como um elemento absolutamente estranha à natureza homogenia e à estrutura de uma obra de arte, como um elemento destruidor do caráter fundamental desta.
2 - Da mística romântica dos manequins e criações artificiais do homem do séc. XIX ao racionalismo abstrato do séc. XX.
Ao final do séc. XIX e início do séc. XX, assistimos a aparição da fé nas forças misteriosas do movimento mecânico que buscava superar em perfeição e implacabilidade ao tão vulnerável organismo humano. É a ciência ficção da época, na qual um cérebro humano demoníaco criava o homem artificial. Isto significava simultaneamente uma súbita crise de confiança com respeito à natureza, aos campos de atividade dos homens que lhe estão intimamente unidos.
Um movimento racionalista sempre mais afastado da natureza começa a desenrolar-se. Um mundo sem objeto, o construtivismo, o funcionalismo, o maquinismo, a abstração e o visualismo purista que reconhece simplesmente a “presença física” de uma obra de arte.
3 - O dadaísmo, ao introduzir a velocidade prévia, destrói os conceitos de homogeneidade e coerência de uma obra de arte, postulados pelo simbolismo e por Craig. Voltemos à marionete de Craig. Sua idéia de substituir um ator vivo por um manequim, uma criação artificial e mecânica, em nome da conservação perfeita da homogeneidade e da coerência da obra de arte, já não está em moda atualmente. Experiências anteriores, que destruíram a homogeneidade da estrutura de uma obra de arte ao introduzir nela, elementos “estranhos”, por meio de colagens e encaixes; o reconhecimento pleno do papel do acaso; a localização da obra de arte na estreita fronteira entre “realidade da vida” e “ficção artística” – tudo isto mostrou que foram insignificantes os escrúpulos do princípio do século, do período do “simbolismo” e da “Arte Noveau”.
Cada vez com mais força, se me impõe a convicção de que o conceito de vida não pode reintroduzir-se na arte mais que pela ausência de vida, no sentido convencional (outra vez Craig e os simbolistas). Interessei-me pela natureza dos manequins. O manequim da minha peça “A Galinha de Água” (1967) e os manequins de “Os Sapateiros” (1970), tinham um papel muito específico: constituíam uma espécie de prolongamento imaterial, algo assim como um órgão complementar do ator que era seu “proprietário”. Quando os utilizei em grande número em “Balladyna”, de Slowacki, constituíam os Duplos dos personagens vivos, como se estivessem dotados de uma consciência superior. Esses manequins já estavam visivelmente marcados pelo selo da Morte.”
Não penso que um manequim possa substituir, como queriam Kleist e Craig, o ator vivo. Seria fácil e por demais ingênuo. Esforço-me por determinar os motivos e o destino dessa entidade insólita que surgiu de maneira imprevista em meus pensamentos e em minhas idéias. Sua aparição confirma a convicção cada vez mais poderosa, de que a vida só pode ser expressada na arte por meio da falta de vida e do recurso à morte, através das aparências, a vacuidade, a ausência de toda mensagem. Em meu teatro, um manequim deve transformar-se em um modelo que encarne e transmita um profundo sentimento da MORTE e a condição dos mortos – um modelo para o ator vivo”.
Kantor toma distância em relação às conhecidas soluções que Craig ofereceu para o destino do ator: “já que o momento em que o ator apareceu pela primeira vez diante de um auditório me parece, muito pelo contrário, que é um momento revolucionário e de vanguarda... do círculo comum dos costumes e ritos religiosos, das cerimônias e atividades lúdicas, saiu Alguém, Alguém que acabava de tomar uma temerária decisão: a de separar-se da comunidade cultural. Seus motivos não eram nem o orgulho, nem o desejo de atrair sobre si mesmo a atenção de todos. Ele veio como um rebelde, um herético, livre e trágico, por haver ousado ficar só com sua sorte e seu destino. Se acrescentarmos “e com seu papel”, teremos diante de nós o ATOR. É seguro que esse ato, terá sido julgado como uma traição às tradições antigas e às práticas do culto. O ator foi relegado pela sociedade. Não só teve inimigos ferozes, como admiradores fanáticos. Vergonha e glória conjugados. Frente à comunidade levantou-se um HOMEM, exatamente igual a cada um dessa comunidade e, ao mesmo tempo, infinitamente distante, terrivelmente estranho, como que habitado pela morte. Igual à luz cegadora de um relâmpago, veio de repente a imagem do Homem, como se o vissem pela primeira vez, como se acabassem de ver-se a si mesmo. Foi, com certeza, uma comoção, que se pode qualificar de metafísica.
Foi dos espaços da Morte, que surgiu esse Manifesto Revelador e que provocou no público, essa COMOÇÃO METAFÍSICA. Os meios e a arte desse homem, o ATOR, se relacionam também com a morte, com sua beleza trágica e horrenda”.
Kantor diz que devemos devolver à relação espectador/ator, sua significação essencial. Devemos fazer renascer esse impacto original do instante em que um homem (ator) apareceu pela primeira vez frente a outros homens (espectadores), exatamente igual a cada um deles e, ao mesmo tempo, infinitamente estranho.
“Plantaremos”, diz Kantor, “os limites desta fronteira que se chama a condição da morte, porque constitui o ponto de referência mais avançado, e não amenizado por nenhum conformismo sobre a condição do artista e da arte. Só os mortos se fazem perceptíveis (para os vivos) e obtém assim, por esse preço, o mais elevado, sua singularidade, sua silhueta resplandecente, quase como no circo.”
1 - Craig afirma: “A marionete tem que voltar; o ator vivo deve desaparecer. O homem, criado pela natureza é uma ingerência estranha na estrutura abstrata de uma obra de arte. De acordo com a estética simbolista, Craig considerava o homem, submetido a paixões diversas, a emoções incontroláveis, como um elemento absolutamente estranha à natureza homogenia e à estrutura de uma obra de arte, como um elemento destruidor do caráter fundamental desta.
2 - Da mística romântica dos manequins e criações artificiais do homem do séc. XIX ao racionalismo abstrato do séc. XX.
Ao final do séc. XIX e início do séc. XX, assistimos a aparição da fé nas forças misteriosas do movimento mecânico que buscava superar em perfeição e implacabilidade ao tão vulnerável organismo humano. É a ciência ficção da época, na qual um cérebro humano demoníaco criava o homem artificial. Isto significava simultaneamente uma súbita crise de confiança com respeito à natureza, aos campos de atividade dos homens que lhe estão intimamente unidos.
Um movimento racionalista sempre mais afastado da natureza começa a desenrolar-se. Um mundo sem objeto, o construtivismo, o funcionalismo, o maquinismo, a abstração e o visualismo purista que reconhece simplesmente a “presença física” de uma obra de arte.
3 - O dadaísmo, ao introduzir a velocidade prévia, destrói os conceitos de homogeneidade e coerência de uma obra de arte, postulados pelo simbolismo e por Craig. Voltemos à marionete de Craig. Sua idéia de substituir um ator vivo por um manequim, uma criação artificial e mecânica, em nome da conservação perfeita da homogeneidade e da coerência da obra de arte, já não está em moda atualmente. Experiências anteriores, que destruíram a homogeneidade da estrutura de uma obra de arte ao introduzir nela, elementos “estranhos”, por meio de colagens e encaixes; o reconhecimento pleno do papel do acaso; a localização da obra de arte na estreita fronteira entre “realidade da vida” e “ficção artística” – tudo isto mostrou que foram insignificantes os escrúpulos do princípio do século, do período do “simbolismo” e da “Arte Noveau”.
Cada vez com mais força, se me impõe a convicção de que o conceito de vida não pode reintroduzir-se na arte mais que pela ausência de vida, no sentido convencional (outra vez Craig e os simbolistas). Interessei-me pela natureza dos manequins. O manequim da minha peça “A Galinha de Água” (1967) e os manequins de “Os Sapateiros” (1970), tinham um papel muito específico: constituíam uma espécie de prolongamento imaterial, algo assim como um órgão complementar do ator que era seu “proprietário”. Quando os utilizei em grande número em “Balladyna”, de Slowacki, constituíam os Duplos dos personagens vivos, como se estivessem dotados de uma consciência superior. Esses manequins já estavam visivelmente marcados pelo selo da Morte.”
Não penso que um manequim possa substituir, como queriam Kleist e Craig, o ator vivo. Seria fácil e por demais ingênuo. Esforço-me por determinar os motivos e o destino dessa entidade insólita que surgiu de maneira imprevista em meus pensamentos e em minhas idéias. Sua aparição confirma a convicção cada vez mais poderosa, de que a vida só pode ser expressada na arte por meio da falta de vida e do recurso à morte, através das aparências, a vacuidade, a ausência de toda mensagem. Em meu teatro, um manequim deve transformar-se em um modelo que encarne e transmita um profundo sentimento da MORTE e a condição dos mortos – um modelo para o ator vivo”.
Kantor toma distância em relação às conhecidas soluções que Craig ofereceu para o destino do ator: “já que o momento em que o ator apareceu pela primeira vez diante de um auditório me parece, muito pelo contrário, que é um momento revolucionário e de vanguarda... do círculo comum dos costumes e ritos religiosos, das cerimônias e atividades lúdicas, saiu Alguém, Alguém que acabava de tomar uma temerária decisão: a de separar-se da comunidade cultural. Seus motivos não eram nem o orgulho, nem o desejo de atrair sobre si mesmo a atenção de todos. Ele veio como um rebelde, um herético, livre e trágico, por haver ousado ficar só com sua sorte e seu destino. Se acrescentarmos “e com seu papel”, teremos diante de nós o ATOR. É seguro que esse ato, terá sido julgado como uma traição às tradições antigas e às práticas do culto. O ator foi relegado pela sociedade. Não só teve inimigos ferozes, como admiradores fanáticos. Vergonha e glória conjugados. Frente à comunidade levantou-se um HOMEM, exatamente igual a cada um dessa comunidade e, ao mesmo tempo, infinitamente distante, terrivelmente estranho, como que habitado pela morte. Igual à luz cegadora de um relâmpago, veio de repente a imagem do Homem, como se o vissem pela primeira vez, como se acabassem de ver-se a si mesmo. Foi, com certeza, uma comoção, que se pode qualificar de metafísica.
Foi dos espaços da Morte, que surgiu esse Manifesto Revelador e que provocou no público, essa COMOÇÃO METAFÍSICA. Os meios e a arte desse homem, o ATOR, se relacionam também com a morte, com sua beleza trágica e horrenda”.
Kantor diz que devemos devolver à relação espectador/ator, sua significação essencial. Devemos fazer renascer esse impacto original do instante em que um homem (ator) apareceu pela primeira vez frente a outros homens (espectadores), exatamente igual a cada um deles e, ao mesmo tempo, infinitamente estranho.
“Plantaremos”, diz Kantor, “os limites desta fronteira que se chama a condição da morte, porque constitui o ponto de referência mais avançado, e não amenizado por nenhum conformismo sobre a condição do artista e da arte. Só os mortos se fazem perceptíveis (para os vivos) e obtém assim, por esse preço, o mais elevado, sua singularidade, sua silhueta resplandecente, quase como no circo.”


Em “A Classe Morta”, peça dessa fase, Kantor aborda um conjunto de problemas essenciais, tanto para um artista preocupado com o desenvolvimento de sua própria idéia, como para um homem que busca definir-se a si mesmo em relação com a sociedade. Neste espetáculo se coloca em evidência o fato de que nosso passado termina por transformar-se em um “stock” esquecido e que, junto a sentimentos e retratos dos que alguma vez amamos, se mesclam sem nenhuma ordem, acontecimentos, objetos, roupas, pessoas. Sua MORTE só é aparente: basta tocá-los, para que comecem a fazer vibrar nossa memória e a rimar com o presente. Esta imagem não é o produto de uma nostalgia senil, mas traduz a A Classe Morta aspiração a uma vida plena e total, que abarca passado, o presente e o futuro.Cristina Tolentino ( cristolenttino@yahoo.com.br )
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