segunda-feira, 29 de março de 2010

A culpa é do domingo cinza e sua chuva de coisas afiadas

A UM FILHO QUE NUNCA TEREI

Sim, a alegria dura muito pouco

nós sabemos ser tristes

A notícia é:

apaixonou-se por quem está apaixonado por mim

você é a excelente parede com quem eu falava

pinacoteca itinerante

Meu amor é despeito, despinto, descaralho de tudo

os sentimentos circulam

dão uma volta no quarteirão

entram no copo de café

depois você vê que eles saem nas baforadas do cigarro e tal

estão em toda a parte

não se escapa de coisas assim

eu morreria de auto humilhação, sabe?

diminuído pelo perdão alheio!

despreparado para a vida

preparadíssimo para a morte

ergo uma nação

de faíscas

Eu descubro a poesia pela insistência da lâmina

os homens são destinados ao nunca

e a primeira vez das coisas

é a porta de entrada da verdade

da consciência

e do não

esse sim gigantíssimo:

fodamo-nos

Me corto todo para vos

solo dejaré la lengua para lamerte

Isso é o que me faz ser. E o que me faz ser é velho conhecido meu.

Se você me amar de vez em quando

eu prometo morrer apenas em dias alternados

É muito engraçado

o amor provoca o riso

você ri até morrer

é preciso um abdômen de ferro

e muita matéria plástica

en tu corazón, hijo,

en tu corazón

Juditinha 

Um comentário:

  1. Poeta, poeta, meu poeta querido! Só mesmo um artista poeta pra fazer da dor algo belo...

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