domingo, 27 de junho de 2010

novembro de 2009

Ouço os corações dos lugares,
em mim há ruas e pulsações de asfaltos;
hoje é a terra que me fala.
Caminho na vibração das tuas veias saltadas.
As pedras sobre as quais piso
são parte de mim: pura extensão.
E exprimem e espremem
todo aquele cheiro de sal
e gosto de alecrim.
Há mapas riscados no teto branco
e uma geografia de 4 almas
confundem dedos e lápis,
paixões coloridas.
Quarenta dedos riscando um papel mudo,
na confusão de expressões sem jeito,
envergonhando o instante.
Quarenta dedos que partilham uma busca inexplicável
pelo sentido das cores,
dos amores,
das dores;
seres incessantes.
Oito mãos secas, calejadas
Capazes de estapear sem dó as maçãs
e incapazes de se desencostar.
Tetntáculos de medo fabricando um esconderijo de equívocos,
gargantas que esforçam seus gritos,
mãos que forjam caixinhas,
mãos que adiam seus assassinatos.
Não sei da paixão que de mim sentiam.
Estou seca de ardor, vazia de contemplação,
oca de explosão.
oito mãos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O QUE VOCÊ NÃO PODE FALAR EM PÚBLICO

QUANDO É LEPTOLOGIA

Há espinhos compridos e aguçados

em coisas que não são plantas

há os cabelos que você deseja arrancar

e carinhos que nunca te deixaram fazer

e as sobras de tudo o que morreu na intenção

pedem funerais de estamparias

teatro de aparições

escavado numa região da cabeça

que não conhece a restauração


 

IMF

sexta-feira, 4 de junho de 2010

salivando algo

"Poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina.

No osso da fala dos loucos há lírios."

Manoel de Barros