segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Relatos de uma atriz...por Izabela...

Relato de uma "atriz-relatora".

 

Dia 29 de novembro terça-feira. No casarão...

 

Exercício de pré construção da figura.Propus que os atores fossem a procura de objetos e figurinos, reunimos todo o material na sala marrom e gradativamente os atores foram se construindo e montando suas figuras. Fizemos uma caminhada pelo casarão e paramos na entrada para olhar a rua. Olhar de dentro da casa para fora, a rua. Voltamos para a sala marrom e todos escreveram suas impressões, a escrita de cada um, a escolha do que fica e do que sai.

 

Aline em construção: cores dos tecidos eram próximas, bolsinha com folhas, potinho de metal com anel, um capacete vermelho e uma calça xadrez. Sua expressão era atenta e curiosa, camadas de roupas, camisolas, bota de homem. Ficou uma figura cheia, sem pescoço, uma bolsa cheia de óculos, a escolha dos óculos ja lhe propos uma primeira ação constante. Tinha um caderno, anotava sempre.

 

Dia 30 de novembro quarta-feira. Na rua...

 

Indo...definimos um caminho e saímos para nossa experiência na rua, no entorno.

A figura que eu estava acompanhando mantinha a mesma composição estética do dia anterior, levava nas mãos além da bolsa com óculos, uma prancheta com papéis que estava escrito: LIMPE O SEU NOME. Nós relatores nos distanciamos e deixamos que as figuras tivessem a liberdade de criar. Silenciosa, ela passava entre as pessoas, a estranha caminhava no meio da suposta normalidade, mantinha um ar sério, falava com calma, parava em todos os orelhões, recolhia as etiquetas e colava-as na prancheta, tentava sempre ligar para alguem, quem ? Um ato mecanico, parava para escrever, perguntava o nome das pessoas que estavam nas portas dos estabelecimentos, pedia a caneta para escrever o nome, pedia água nos bares, a sede constante. Trocava de óculos e parecia que enchergava sempre a mesma coisa, foi adquirindo pequenas manias da rua, como por exemplo andar pisando nos pisos mais escuros, alternado com os claros. Ela se utilizava de tudo que tinha na rua, o chão, a água e cerveja dos bares, os orelhões, os nomes das pessoas. No final da caminhada ela foi se desfazendo, se desfigurando, tirou peças de roupas, se descompos, foi tomando outro formato, se apagando e perdendo a força.

 

 

 

 

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