terça-feira, 6 de dezembro de 2011


 



 



O relato da FIGURA... 

 



 




Criar uma figura. Criar. Partindo do quê?

Uma figura que registra outras figuras.
Cores, imagens e estranhamento.

Pensamentos que vão e voltam, sem mais e nem menos, sem dar nenhum tipo de satisfação.

Saudade. Balas. Avô italiano que não conhecí. Sentava nos muros baixos das casas da época, vestido sempre com um de seus paletós, com os bolsos cheios de balas que ia distribuindo para as crianças que brincavam na rua. Era alfaiate. Seus ternos sempre tinham muitos bolsos.

Todas essas coisas passaram pela minha cabeça sem que eu tivesse o menor controle e certamente fizeram parte da idéia da minha figura, não como material psicológico, mas como escolhas práticas, materiais que eu poderia escolher para criar minha figura. Talvez pontos de partida.

Uma figura colorida, cheia de balas e que tem como objetivo registrar outras figuras. As balas, inicialmente eram oferecidas para as pessoas que se aproximavam e que porventura fossem fotografadas. Elas recusavam. Crianças recusavam. Pensamento inevitável: as crianças já não aceitam balas como no tempo do meu avô e não querem mais tirar retratos...

Registrar outras figuras. Uma bala cai no chão. Passei a deixar um rastro de balas pelos caminhos que passávamos.

Balas coloridas passaram a ser deixadas pelo caminho, registrando que passamos por ali.

O que as balas causarão nas pessoas que as acharem? O que elas pensarão? Elas as perceberão? Uma oferenda? Ou possibilidades infinitas que a imaginação pode criar?

Minha figura pouco se relacionou. Ela observou. Registrou.

Giovanna Galdi






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